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Surto de ebola no oeste da África é sério, alerta OMS

Disseminação do surto de dois meses cria o risco de complicar ainda mais o combate do vírus em uma região que já sofre com sistemas de saúde precários


	Centro de quarentena para pessoas infectadas com o Ebola, na Guiné
 (Cellou Binani/AFP)

Centro de quarentena para pessoas infectadas com o Ebola, na Guiné (Cellou Binani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2014 às 22h12.

Genebra/Conacri - A capital da Guiné, Conacri, registrou seus primeiros casos novos de ebola em mais de um mês, e outras áreas até então não afetadas também relataram infecções na semana passada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A disseminação do surto de dois meses, que, segundo as autoridades da Guiné, estava controlado, cria o risco de complicar ainda mais o combate do vírus em uma região que já sofre com sistemas de saúde precários e fronteiras porosas.

“A situação é séria, não se pode dizer que está sob controle, já que os casos continuam e está se espalhando geograficamente”, disse o doutor Pierre Formenty, especialista da OMS que voltou recentemente da Guiné, em uma entrevista coletiva à imprensa em Genebra nesta quarta-feira.

“Não houve recuo. Na verdade, é por não sermos capazes de conter todo o surto que tínhamos a impressão de que estava recuando”, declarou.

A OMS relatou dois novos casos, incluindo uma morte, entre 25 e 27 de maio em Conacri, que foram os primeiros detectados desde 26 de abril. Um surto na capital poderia representar uma ameaça ainda pior por ser o principal destino de viagens internacionais no país. Telimele e Boffa – dois distritos a norte de Conacri até então sem casos da doença – confirmaram surtos após testes de laboratório, informou a OMS. Doze casos, incluindo quatro mortes, foram comunicados entre 23 e 26 de maio, e suspeitas de infecção do ebola foram documentadas nos distritos adjacentes de Boke e Dubreka.

Aboubacar Sidiki Diakité, que chefia os esforços do governo da Guiné para deter a disseminação do vírus, disse que a origem de todos os novos surtos foi localizada em Conacri.

“O problema é que há famílias que se recusam a dar informações para funcionários da saúde. Escondem seus doentes para tratá-los com métodos tradicionais”, disse ele à Reuters.

O surto – a primeira aparição mortal da febre hemorrágica no oeste da África – se espalhou de uma localidade remota da Guiné para a capital e dali para a Libéria.

Serra Leoa relatou o seu primeiro surto confirmado da doença no começo desta semana.

Familiares de três pessoas hospitalizadas com suspeita de ebola e um caso confirmado retiraram seus parentes de uma clínica no leste de Serra Leoa por temerem as consequências do tratamento médico, disse Amara Jambal, um funcionário da saúde do país.

“Não temos nem ideia onde estão (os quatro pacientes). Preocupado? Como médico, deveria estar, porque uma pessoa infectada à solta não é o que queremos”, afirmou Jambal à Reuters, acrescentando que todos os infectados deveriam estar isolados.

A OMS documentou um total de 281 casos clínicos de ebola, incluindo 185 mortes na Guiné, desde a identificação do vírus em março. Acredita-se que a doença matou 11 pessoas na Libéria, embora não tenham surgido novos casos desde 9 de abril.

Dezesseis casos foram relatados no distrito de Kailahun, em Serra Leoa, onde se acredita que quatro pessoas morreram em decorrência da doença.

O ebola, que tem uma taxa de mortalidade de até 90 por cento, é endêmico no Congo, Gabão, Uganda e Sudão do Sul, e pesquisadores acreditam que o surto no oeste africano foi causado por uma nova cepa do vírus.

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