O senador dos EUA Chris Murphy fala do lado de fora da Suprema Corte enquanto os juízes avaliam se as pessoas sujeitas a uma ordem de restrição de violência doméstica deveriam ser proibidas de portar armas de fogo (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 21 de junho de 2024 às 16h15.
Última atualização em 21 de junho de 2024 às 16h15.
A Suprema Corte dos Estados Unidos ratificou nesta sexta-feira, 21, uma lei federal que proíbe que pessoas sujeitas a ordens de distanciamento por violência doméstica possuam armas de fogo.
Por oito votos contra um, os juízes anularam a decisão de um tribunal de apelações que havia determinado de que esta lei era inconstitucional.
"Quando um tribunal considera que uma pessoa representa uma ameaça credível para a segurança física de outra, essa pessoa pode ser desarmada temporariamente de acordo com a Segunda Emenda", escreveu o presidente do tribunal, John Roberts.
O presidente Joe Biden expressou satisfação com a decisão e prometeu impulsionar maiores restrições às armas para proteger as mulheres.
"Como resultado da sentença de hoje, as sobreviventes de violência doméstica e suas famílias poderão seguir contando com proteções fundamentais, como têm feito durante as últimas três décadas", afirmou o democrata em um comunicado.
Foi o primeiro caso sobre o direito ao porte de armas analisado pelo tribunal desde o ano passado, quando proclamou o direito dos cidadãos a portar armas em espaços públicos.
Na decisão do ano passado, o máximo tribunal advertiu que autorizaria apenas exceções "razoáveis" ao direito de portar armas consagrado na Segunda Emenda e que se basearia em precedentes históricos da regulamentação das armas de fogo.
Desse modo, os tribunais inferiores são obrigados a determinar se as restrições se ajustam à "história e às tradições" da regulamentação das armas de fogo nos Estados Unidos entre o final de século XVIII e do XIX.
Baseando-se nesta decisão, um tribunal de apelações ultraconservador determinou em março que uma lei federal que proibia a posse de armas a pessoas com ordens de afastamento era inconstitucional por falta de precedentes históricos.
No Texas (Sul), a polícia encontrou uma pistola e um fuzil durante uma investigação no domicílio de Zackey Rahimi, suspeito de cinco tiros e sob uma ordem de afastamento da ex-namorada que o proibia de possuir armas.
"Alguns tribunais interpretaram mal a metodologia de nossos recentes casos sobre a Segunda Emenda", escreveu Roberts.
O juiz conservador Clarence Thomas discordou da opinião da maioria porque estima que os estados já contam com o processo penal como ferramenta para desarmar qualquer um que utilize uma arma de fogo para ameaçar com violência física.
"Em vez disso, a questão é se o governo pode dispor do direito de retirar a segunda emenda de qualquer pessoa sujeita a uma ordem de afastamento, mesmo que nunca tenha sido acusada ou condenada pelo crime. Não pode", considerou.
A associação Everytown, que advoga por um controle mais estrito das armas individuais, celebrou: "Uma decisão que salva vidas".
Nos Estados Unidos, "70 mulheres morrem por mês vítimas de disparos feitos por seus companheiros, e a presença de uma arma de fogo quintuplica as possibilidades delas serem assassinadas pelas mãos de seus agressores", afirmou a associação em um comunicado.
O influente senador democrata Dick Durbin, chefe da Comissão Judicial, também comemorou a decisão da corte de "reafirmar que a segunda emenda não é ilimitada".