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Supervisão de acordo com Irã custará US$ 10,6 mi ao ano

De acordo com o tratado fechado em Viena, o Irã se comprometeu a limitar seu programa nuclearpor entre 10 e 25 anos, sempre sob supervisão da AIEA


	O embaixador iraniano na AIEA, Reza Najafi: pelo acordo, a comunidade internacional suspenderá as principais sanções que estrangulam a economia iraniana
 (AFP)

O embaixador iraniano na AIEA, Reza Najafi: pelo acordo, a comunidade internacional suspenderá as principais sanções que estrangulam a economia iraniana (AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 13h57.

Viena - Verificar e supervisionar o acordo nuclear, assinado em julho entre o Irã e o G5+1, custará US$ 10,6 milhões ao ano pra a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), disse nesta terça-feira o diretor Yukiya Amano, que qualificou o tratado como uma "oportunidade histórica" para acabar com este conflito que se prolongou por 12 anos.

"Espero que possamos fazer pleno uso desta oportunidade", disse o diretor da agência nuclear da ONU em entrevista coletiva no intervalo de uma reunião especial do Conselho de Governadores da AIEA.

De acordo com o tratado fechado em Viena em 14 de julho, o Irã se comprometeu a limitar seu programa nuclear em vários aspectos por entre 10 e 25 anos, sempre sob supervisão da AIEA.

Em troca, a comunidade internacional suspenderá as principais sanções que estrangulam a economia iraniana.

Para que o acordo possa entrar em vigor, é necessário primeiro o sinal verde do Congresso dos Estados Unidos e do parlamento iraniano.

A AIEA deverá verificar a aplicação de todas as medidas estipuladas, incluindo o esclarecimento de suas atividades nucleares ateriores e suas possíveis dimensões militares.

O plano para esclarecer as atividades nucleares anteriores se tornou o principal foco das críticas entre os que se opõem ao acordo no Congresso americano.

Isso porque dentro do "roteiro" para esclarecer os assuntos pendentes, há um acordo confidencial entre a AIEA e o Irã sobre inspeções na base militar de Parchin, perto de Teerã.

Perguntado hoje várias vezes pela imprensa, Amano se limitou a garantir que o estipulado com Teerã é "confidencial, mas tecnicamente soluncionável e cumpre as exigências do regime de salvaguardas (controles) entre o Irã e a AIEA".

Os críticos suspeitam que o acordo não inclui inspeções físicas de especialistas da AIEA em Parchin, onde podem ter havido experiências com explosivos como parte do programa nuclear iraniano.

Amano assegurou que acordos confidenciais existem entre a AIEA e muitos outros países-membros, mas destacou que o acordo nuclear com o Irã exige que esse país aplique o chamado "Protocolo Adicional" do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).

Esse protocolo permite à agência nuclear da ONU realizar visitas sem aviso prévio em qualquer instalação do Irã, e determina que os iranianos devem informar periodicamente sobre suas atividades.

Amano se mostrou satisfeito com esse compromisso iraniano, ao ressaltar que o protocolo adicional, aplicado por outros 120 países, é uma "poderosa ferramenta de verificação".

"Uma vez iniciado o protocolo adicional, vamos ter mais acesso a informação e lugares no Irã", disse.

Por isso o acordo de Viena "é uma grande conquista para a AIEA, e constitui o regime de controles mais robusto do mundo atual".

Com a aplicação do acordo atômico, "o programa nuclear do Irã se reduzirá e, se não for iniciado, a dimensão do programa se manterá ou inclusive se expandirá", concluiu.

Já embaixador do Irã na AIEA, Ali Reza Najafi, exigiu hoje em Viena que a agência nuclear tenha especial cuidado em garantir a plena proteção de toda a informação confidencial que receber.

"Não vamos aceitar nenhum tipo de vazamento de informação reservada", alertou o representante iraniano à imprensa.

Ao mesmo tempo, reiterou que seu país nunca tentou construir armas nucleares e que estas "acusações sem fundamento" foram usadas para justificar as sanções contra o Irã.

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