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Sumiço do "Schindler sueco" ainda é mistério após 70 anos

Parentes do salvador de milhares de judeus que misteriosamente desapareceu nas mãos dos soviéticos lembram os 70 anos de sua morte, ainda não esclarecida

Memorial ao diplomata sueco Raoul Wallenberg, o salvador de milhares de judeus húngaros (Attila Kisbenedek/AFP)

Memorial ao diplomata sueco Raoul Wallenberg, o salvador de milhares de judeus húngaros (Attila Kisbenedek/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 15h19.

Djursholm - Parentes de Raoul Wallenberg, o salvador de milhares de judeus húngaros que misteriosamente desapareceu nas mãos dos soviéticos depois da guerra, lembram, neste sábado, os 70 anos de sua morte, que ainda esperam esclarecer.

Cerca de 200 pessoas se reuniram para prestar homenagem a ele e a "todos aqueles que fizeram a diferença", declarou o presidente da Academia Raoul Wallenberg, Michael Wernstedt em um breve discurso.

"Nas últimas semanas, os eventos nos mostraram que é importante defender a democracia", acrescentou, convidando os participantes a acender uma vela "para todos aqueles que espalham a luz".

Raoul Wallenberg foi um desses Justos que trabalharam para salvar judeus do Holocausto. Em 1944, em Budapeste, ele distribuiu passaportes de proteção que identificava seus portadores como cidadãos suecos que aguardavam repatriamento.

Em 17 de janeiro de 1945, ele foi convocado ao quartel-general do Exército Vermelho e desapareceu em condições obscuras. Ele morreu oficialmente em uma prisão de Moscou durante o verão de 1947, aos 35 anos de idade, mas sua família e pesquisadores duvidam desta versão.

"Em 1957, as autoridades soviéticas asseguravam ter um único documento sobre Wallenberg, seu suposto atestado de óbito manuscrito. Após a queda da União Soviética, os russos apresentaram numerosos documentos relativos aos suecos, e hoje não há dúvida que nem todos foram produzidos", explica à AFP Ingrid Carlberg, que escreveu uma biografia exaustiva sobre Raoul.

"É possível descobrir a verdade", insiste Nina Lagergren, meia-irmã de Raoul Wallenberg.

Aos 93 anos, ela deseja saber a verdade. Em julho, ela participou em Washington de uma homenagem ao herói, tornado cidadão de honra americano em 1981.

"É necessário que a Rússia abra seus arquivos. Já se passaram 70 anos desde que desapareceu, sua irmã ainda está viva e à espera de uma resposta. É uma pena que a Rússia ainda esteja brincando de gato e rato", insiste Carlberg.

Um grupo de pesquisadores apresentou recentemente pistas inéditas, prova de que nem tudo foi dito.

Não se sabe as razões para a sua detenção e prisão, talvez por espionagem, e certeza sobre o momento de sua morte nunca foi estabelecida.

Para o governo sueco, o caso continua "completamente aberto". "Não esclarecemos tudo. Quando aparece um elemento interessante novo, nós o apresentamos aos russos", diz Hans Olsson, encarregado do assunto no ministério das Relações Exteriores.

Salvador de 100.000 pessoas

A Suécia nunca esteve tão envolvida no caso. Por muito tempo, "o comportamento no ministério das Relações Exteriores e a falta de interesse eram realmente estranhas", afirma Lagergren.

Viva e elegante, ela cultiva uma memória muito lúcida de seu irmão, quase uma década mais velho.

"Nós (o seu irmão Guy von Dardel, falecido em 2009, e ela mesma) sempre o admiramos. Ele era extremamente divertido e amoroso."

Em seu charmoso apartamento no subúrbio de Estocolmo, Nina Lagergren dedicou uma sala inteira a "Raoul", onde reúne seus arquivos, muitos quadros e obras de arte.

Vivendo em Berlim no início do verão de 1944, ela foi a última pessoa da família a vê-lo vivo.

"Ele estava com pressa (de ir a Budapeste). Ele compreendia a gravidade de sua missão", lembra com carinho.

Enviado a Budapeste pela Comissão de Refugiados de Guerra, uma agência americana criada para salvar as vítimas civis dos nazistas, fornecendo documentos de identidade de países neutros, como a Suécia, ele colocou toda a sua energia e imaginação à serviço do resgate dos judeus de Budapeste.

De acordo com algumas estimativas, teria salvado até 100.000 pessoas.

"Em seus telegramas de poucas linhas, conseguíamos compreender a situação", sugere Lagergren.

Em 2001, ela participou da criação da Academia Raoul Wallenberg, que visa incentivar os jovens a "agir em favor da igualdade".

O compromisso do sueco fez "dele um símbolo de coragem cívica", analisa o porta-voz Johan Perwe, porta-voz do Fórum para a História Viva, uma agência que trabalha sobre o assunto, especialmente entre os jovens.

"Ao contrário da geração de nossos avós, e, provavelmente, uma depois dessa, que viveu com a falta, a minha geração pode usar Raoul como algo positivo, um exemplo e uma inspiração", resumiu a neta de Lagergren, Cecilia Ahlberg, muito ativa na Academia Raoul Wallenberg e que também deseja saber a verdade.

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