Eleições na Suécia: os Democratas Suecos, partido anti-imigração com raízes em um movimento neonazista, ganharam cerca de 18% dos votos (Hanna Franzen/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de setembro de 2018 às 12h06.
Estocolmo - A Suécia acordou nesta segunda-feira, 10, com a perspectiva de semanas de incerteza política depois que os principais blocos políticos do país não conseguiram conquistar maioria clara para o Parlamento nas eleições de domingo. Além da indefinição sobre o novo governo sueco, as eleições também marcaram o crescimento da extrema direita, em meio ao crescente descontentamento da população com a imigração em larga escala.
Com a maioria das cédulas contadas, o bloco governista de centro-esquerda tinha uma vantagem pequena sobre a oposição de centro-direita, a Aliança, cada lado com aproximadamente 40% dos votos.
Já os Democratas Suecos, partido anti-imigração com raízes em um movimento neonazista, ganharam cerca de 18% dos votos, acima dos 13% obtidos quatro anos antes.
O partido, que trabalhou para moderar sua imagem nos últimos anos, cresceu a partir dos desafios para integrar centenas de milhares de imigrantes que chegaram no país escandinavo nos últimos anos.
O primeiro-ministro Stefan Lovfen, que levou os social-democratas ao poder em 2014, disse que pretende permanecer no cargo. Seu partido emergiu com a maior parte dos votos - 28,4%, enquanto a contagem se aproximava da conclusão, conquistando menos cadeiras parlamentares do que há quatro anos.
O líder do partido Moderados, que ficou em segundo lugar, Ulf Kristersson, já convocou Lofven a renunciar a reivindicou o direito de formar o próximo governo da Suécia. A Aliança, de centro-direita, formada por quatro partidos, disse que se reunirá nesta segunda para discutir como avançar e exigir que Lofven, chefe da minoria de coalizão, de dois partidos, renuncie.
Os resultados finais da eleição são esperados para os próximos dias, mas os resultados preliminares mostram ser improvável que qualquer partido garanta a maioria de 175 assentos no Parlamento, de 394 cadeiras.
Tanto o bloco de esquerda, liderado pelos Social Democratas, quanto o bloco de centro-direita, no qual os Moderados são o maior dos quatro partidos, disseram que não vão considerar os Democratas Suecos como um possível parceiro de coalizão.
Lofven disse a seus partidários que a eleição apresentou "uma situação com a qual todos os partidos responsáveis devem lidar", acrescentando que "um partido com raízes no nazismo" "nunca ofereceria nada responsável, apenas ódio". "Nós temos uma responsabilidade moral. Devemos reunir todas as forçar para o bem. Não vamos lamentar, vamos nos organizar", declarou.
A Suécia, país lar dos prêmios Nobel e de neutralidade militar há quase dois séculos, é conhecida por suas portas relativamente abertas a imigrantes e refugiados. A eleição geral de domingo foi a primeira desde que o país, cuja população é de 10 milhões de habitantes, recebeu um recorde de 163 mil refugiados em 2015 - proporcionalmente ao número de habitantes, foi a nação europeia que mais recebeu refugiados desde então.
O comparecimento nas eleições de domingo foi de 84,4%, acima dos 83% registrados em 2014.