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Sudão está 'à beira de uma guerra civil', alerta ONU após novos confrontos

Ataque no sábado em um subúrbio a noroeste de Cartum deixou pelo menos 22 mortos e vários feridos; total de vítimas fatais em quase três meses de guerra é de ao menos 3 mil

Quase 3 milhões de sudaneses foram forçados a fugir de suas casas, incluindo mais de 600 mil que fugiram para o exterior. (AFP/AFP Photo)

Quase 3 milhões de sudaneses foram forçados a fugir de suas casas, incluindo mais de 600 mil que fugiram para o exterior. (AFP/AFP Photo)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 9 de julho de 2023 às 13h40.

Última atualização em 9 de julho de 2023 às 13h41.

O Sudão está à beira de uma guerra civil, alertou a ONU neste domingo, um dia depois de dezenas de pessoas terem sido mortas em um ataque da Força Aérea a uma área residencial de Cartum, a capital. Em um vídeo divulgado pelo Ministério da Saúde do Estado de Cartum, corpos aparecem no chão, alguns com membros mutilados, sob lençóis jogados às pressas para cobri-los. Várias das vítimas são mulheres.

O ataque ocorreu no sábado no bairro de Dar Al Salam em Omdurman, um subúrbio a noroeste de Cartum. Segundo o Ministério da Saúde, o ataque deixou 22 mortos e um grande número de feridos entre civis. Por sua vez, as Forças de Apoio Rápido (FAR), em guerra com o Exército desde 15 de abril, denunciaram "a trágica perda de mais de 31 vidas e muitos feridos".

Em quase três meses de guerra entre os paramilitares das FAR, liderados pelo general Mohamed Hamdane Daglo, e as tropas regulares do general Abdel Fatah al-Burhan, foram registradas quase 3 mil mortes, número provavelmente subestimado.

Quase 3 milhões de sudaneses foram forçados a fugir de suas casas, incluindo mais de 600 mil que fugiram para o exterior.

Farhan Haq, um dos porta-vozes do secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou "uma total falta de respeito pelo direito humanitário e pelos direitos humanos", sobretudo no Darfur, região que já viveu um conflito nos anos 2000 e que é mais uma vez o epicentro dos combates.

Segundo a ONU, o Sudão está agora "à beira de uma guerra civil potencialmente desestabilizadora para toda a região".

'Dimensão étnica' do conflito

Os combates começaram na capital, mas ataques aéreos e saques se espalharam para Darfur, assim como Kordofan ao sul de Cartum e o Nilo Azul, que faz fronteira com a Etiópia ao sul. O Sudão, no Nordeste da África, faz fronteira com outros países empobrecidos com histórico de conflitos.

A ONU e várias organizações africanas alertaram para a "dimensão étnica" do conflito na região ocidental de Darfur, onde Estados Unidos, Noruega e Reino Unido culpam as FAR e milícias aliadas por serem responsáveis ​​pela maior parte da violência.

Para tentar encontrar uma saída para a crise, a ONU e a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad), um órgão regional, vão organizar uma reunião na segunda-feira na Etiópia com os chefes de Estado ou de governo de quatro países que trabalham pela paz no Sudão (Etiópia, Quênia, Somália e Sudão do Sul).

O chefe do Exército sudanês e o comandante das FAR foram convidados, mas nenhuma das partes confirmou a presença. No entanto, várias figuras civis sudanesas estarão lá "para acelerar os esforços de paz", disse Khalid Omer Yousif. Este ex-ministro foi deposto do governo em 2021, quando Daglo e Burhan colaboraram para realizar um golpe, em 2021, antes de disputarem o poder.

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