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Sucessor de Mujica suspende entrada de refugiados no país

Em outubro do ano passado, o país recebeu 42 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, que escaparam da guerra na Síria para campos de refugiados no Líbano

Uruguai: presidente eleito ainda não estabeleceu compromisso de recebimento de mais refugiados (MIGUEL ROJO/ AFP)

Uruguai: presidente eleito ainda não estabeleceu compromisso de recebimento de mais refugiados (MIGUEL ROJO/ AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2015 às 16h19.

Montevidéu - O presidente eleito do Uruguai Tabaré Vázquez, que no dia 1º de março assumirá o cargo, disse nesta quinta-feira que analisará com profundidade a eventual chegada de um segundo contingente de famílias sírias, depois de o governo de José Mujica adiá-la para fevereiro.

"Vamos analisar o tema com profundidade como está sendo desenvolvido e logo tomaremos uma decisão a respeito disso. Nós não temos nenhum compromisso estabelecido neste momento", disse o esquerdista Vázquez à jornalistas.

Em outubro, o país sul-americano recebeu 42 pessoas, a maioria crianças e adolescentes, que escaparam da guerra na Síria para campos de refugiados no Líbano.

Em sua chegada ao país sul-americano as famílias foram abrigadas em instalações dos Irmãos Maristas e após vários meses de adaptação, onde receberam aulas de espanhol, se mudaram para habitações permanentes em Montevidéu e no interior do país.

Depois de mais de três anos de uma sangrenta guerra civil o mais mais recente avanço dos jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), Acnur estima que o número de refugiados sírios já superou os três milhões, um número próximo da população total do Uruguai.

Por outro lado, o ex-detendo de Guantánamo que foi recebido no Uruguai pediu ao governo argentino que receba detentos desta prisão americana em Cuba de forma humanitária, em declarações a vários meios da imprensa alternativa publicadas nesta quinta-feira.

O cidadão sírio Jihad Diyab chegou a declarar greve de fome e recorreu à justiça americana para fazer valer seu direito de não ser alimentado a força durante sua reclusão em Guantánamo.

"Nunca vou esquecer os companheiros que estão lá e por isso vim para cá lutar. Por exemplo, o governo argentino pode receber presos aqui de forma humanitária", disse Diyab a jornalistas da Radiográfica e da rádio das Mãe da Praça de Maio.

Esta é a primeira vez que Diyad concede declarações à imprensa desde que chegou ao Uruguai com outro cinco companheiros que ficaram mais de 12 anos em Guantánamo e hoje enfrentam alguns problemas de adaptação.

Jihad Diyab deu a entrevista usando o uniforme laranja que usava em Guantánamo, contou à AFP Martín Suarez, o jornalista da Rádio Mães da Praça de Maio que fez parte dos entrevistadores.

"Esta roupa é parte de mim. Antes de sair me disseram para trocar a roupa e me vestir com uma roupa marrom. Eu a coloquei em cima deste porque é simbólico e muito importante para mim", explicou em árabe com tradução simultânea de um tunisiano que mora na Argentina.

Diyab pediu aos americanos que mudem sua visão sobre os detentos da prisão que se encontra em território cubano.

"Gostaria de dizer ao povo americano que apresentaram a eles os resos de Guantánamo como combatentes inimigos e nós fomos detidos em nossas casas", sustentou.

"O verdadeiro inimigo dos americanos é a própria política do governo americano", enfatizou.

Os detentos refugiados no Uruguai chegaram a Montevidéu com permissão do presidente José Mujica, um ex-guerrilheiro que ficou quase 14 anos presos em condições sub-humanas.

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