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Sucessão de secas na Amazônia alerta cientistas

Cientistas do Reino Unido e do Brasil estudaram secas de 2005 a 2010

Secas podem diminuir barreira natural para as emissões de carbono. (Antonio Milena/Veja)

Secas podem diminuir barreira natural para as emissões de carbono. (Antonio Milena/Veja)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 20h44.

Amazonas - A sucessão de duas secas graves na Amazônia em cinco anos ameaça a maior floresta tropical do mundo, que pode ter seus dias contados como barreira natural para as emissões de carbono.</p>

Assim advertem os cientistas do Reino Unido e do Brasil em um estudo publicado nesta quinta-feira na revista "Science", no qual analisam as secas ocorridas no sudoeste da região em 2005 e em 2010.

Segundo o estudo, a seca de 2010 pode ter tido maior impacto que a de 2005, na qual foram liberadas à atmosfera 5 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por causa da morte e a putrefação das árvores - em 2009, os Estados Unidos emitiu 5,4 bilhões de toneladas de CO2 pela queima de combustíveis fósseis.

Os cientistas das universidades britânicas de Leeds e Sheffield e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) do Brasil mediram a queda da chuva sobre os 5,3 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia durante a estação da seca de 2010 e comprovaram que a seca nesse ano foi inclusive mais longa e severa que em 2005.

No entanto, os especialistas afirmaram que o episódio de 2005 tinha sido incomum e só se produz uma vez cada 100 anos.

"O fato de ter dois eventos desta magnitude em um prazo tão pequeno é extremamente incomum, mas infelizmente concordo com os modelos climáticos que prevêm um futuro sombrio para a Amazônia", assinala no estudo seu autor principal, o Dr. Simon Lewis, da universidade de Leeds.

Segundo os modelos climáticos existentes, as secas serão cada vez mais frequentes em consequência da crescente emissão de gases do efeito estufa à atmosfera.

Assim, se continuar a tendência atual, "as florestas tropicais da Amazônia podem deixar de ser um valioso armazém de carbono que desacelera a mudança climática", advertiu Lewis.

Lewis e o cientista brasileiro Paulo Brando se basearam na relação entre a intensidade da seca de 2005 e a destruição de árvores para calcular o impacto da seca de 2010.

Segundo seus prognósticos, as florestas da Amazônia não absorverão as frequentes 1,5 bilhões de toneladas anuais de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera em 2010 e 2011 e, nos próximos anos, liberarão cerca de 5 bilhões de toneladas adicionais, uma vez que se apodreçam as árvores mortas por falta de água.

"Não saberemos com exatidão quantas árvores morreram até que se complete uma série de análises no terreno", assinalou Brando, do IPAM.

O cientista explicou que os resultados do estudo são só uma estimativa inicial e não levam em conta as emissões de CO2 provocadas pelos incêndios florestais que afetam grandes extensões da Amazônia nos anos quentes e secos.

As florestas da Amazônia, que cobrem uma área equivalente a 25 vezes o tamanho do Reino Unido e se estende por oito países, absorvem cada ano aproximadamente 1,5 bilhões de toneladas de CO2

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