Rainha Margarida II, da Dinamarca (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 08h52.
Única rainha reinante do mundo e a mais longeva da Europa, Margrette II, de 83 anos, deixará seu posto neste domingo, exatamente 52 anos após ascender ao trono da Dinamarca. Ao contrário da tradição real britânica — e como ocorreu com o rei Charles III no ano passado —, não haverá uma cerimônia formal de coroação para o príncipe herdeiro Frederik. Em vez disso, o novo rei será declarado na mesma reunião do Conselho de Estado que formalizará a abdicação da rainha.
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Margrette anunciou a abdicação ao trono em 31 de dezembro, devido, sobretudo, à saúde (ela passou por uma cirurgia nas costas em fevereiro passado, o que a manteve afastada por meses da vida pública), mas também pela a importância de "passar a responsabilidade" de chefe de Estado para a nova geração.
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Primogênito de Margrette II, Frederik, de 55 anos, chegará ao Palácio de Christiansborg no domingo como príncipe herdeiro e sairá dele como regente do reino da Dinamarca , que compreende a Dinamarca, a Groenlândia e as Ilhas Faroé.
Da mesma forma, sua esposa Mary Elizabeth, princesa da Dinamarca, será declarada rainha na mesma ocasião, e o primeiro herdeiro do casal, o príncipe Christian, de 18 anos, o herdeiro do trono.
Além de Christian, o casal também teve mais três filhos: princesa Isabella, príncipe Vincent e princesa Josephine.
Frederik se formou em ciências políticas na Universidade de Aarhus em 1995, com breve passagem pela Universidade Harvard. Antes, passou por treinamento militar extenso, incluindo cursos no regimento mecanizado e formação como mergulhador de combate da Marinha dinamarquesa. Além disso, obteve certificação como piloto na Força Aérea do país, alcançando a graduação de capitão da reserva.
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Envolvido em cursos superiores de defesa, ele participou de missões diplomáticas, incluindo a representação dinamarquesa na ONU em 1994, e atuou como primeiro secretário da Embaixada da Dinamarca em Paris de 1998 a 1999.
Apesar de diferente de uma coroação tradicional, a cerimônia de sucessão ao trono na Dinamarca também seguirá alguns protocolos.
Com início previsto às 13h30 do horário local (9h30 em Brasília), a solenidade ocorrerá no Palácio de Christiansborg. Lá, Magrette assinará a declaração de abdicação e Frederik será declarado rei da Dinamarca, ao lado da esposa, a nova rainha, e do príncipe Christian, que se tornará o primeiro na linha de sucessão.
A formalidade deve durar poucos minutos. Depois disso, o novo rei e a nova rainha participarão de uma curta recepção para convidados e, às 15h locais (11h em Brasília), farão uma proclamação da varanda do Christiansborg, ao lado da primeira-ministra Mette Frederiksen.
Nascida Margrette Alexandrine Þórhildur Ingrid, em 16 de abril de 1940, em Copenhague, a monarca é a primogênita do rei Frederik IX e da rainha Ingrid.
Mas mesmo sendo a mais velha de três filhas — sendo elas a princesa Benedikte e a princesa Anne-Marie, 77 anos, que posteriormente se tornaria a última rainha consorte da Grécia, antes da monarquia ser abolida no país —, Margrette não havia sido criada para reinar. O motivo? Margrette nasceu mulher. E, até então, somente herdeiros homens poderiam assumir tal função na Dinamarca.
Porém, sem herdeiros homens, Frederik IX promoveria uma profunda mudança na lei dinamarquesa para dar o direito às suas filhas de entrar na linha de sucessão — já que, desde o século XVII, a coroa era herdada pelo primeiro descendente homem do rei.
Assim, o Ato de Sucessão de 1953 foi aprovado, tanto pelo Parlamento (o Folketing), quanto pela população, e duas décadas depois, em 14 de janeiro de 1972, Margrette, enfim, foi coroada rainha, após a morte do pai — tornando-se a primeira soberana do país desde Margrette I, rainha regente no século XV.
Margrette se casou com o diplomata francês Henri Marie Jean André de Laborde de Monpezat em 10 de junho de 1967, na Igreja de Holmen, na capital dinamarquesa. Com a união, o francês, da cidade de Talence, abriu mão de seu nome e se tornou Henrik, príncipe consorte.
Do matrimônio, nasceram o príncipe Frederik, em 1968, e o príncipe Joachim, nascido em 1969.
Não era incomum que as famílias reais europeias se conectassem ao longo da História por meio de inúmeras alianças matrimoniais. No caso dos monarcas dinamarqueses, uma das ligações mais próximas é com a família real britânica: Margrette II e a rainha Elizabeth II eram primas de terceiro grau, ambas descendentes da rainha Vitória, figura central na realeza europeia do século XIX.
Margrette compareceu ao funeral de Elizabeth II em 2022, e elas celebraram seus respectivos jubileus no mesmo ano.