Bristol Plaza, novo lar de Strauss-Kahn (Joseph Eid/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2011 às 14h07.
Nova York - O ex-diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, acusado de crimes sexuais, passa neste sábado seu primeiro dia em prisão domiciliar em um apartamento de Nova York, após pagar uma milionária fiança e sem direito a nenhum tipo de saída, exceto por razões médicas.
O ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) foi transferido na sexta-feira à tarde da prisão de Rikers Island a uma luxuosa residência na rua Broadway, perto de Wall Street e do Marco Zero, local que abrigava as torres gêmeas destruídas durante os atentados de 11 de setembro, no sul de Manhattan.
Acusado de tentativa de estupro e agressão sexual contra a funcionária de um hotel em Nova York no dia 14 de maio, Strauss-Kahn conseguiu sair da prisão sob estritas condições, entre elas o pagamento de uma fiança de um milhão de dólares em dinheiro e de cinco milhões em garantias.
Os vizinhos do edifício - que tem piscina e academia de ginástica - mostraram estar surpresos e inquietos com a chegada de Strauss-Kahn, que havia passado quatro humilhantes noites em Rikers Island. "Não gosto, me dá um pouco de medo", disse Gemma Harding, uma mulher que vive no local.
A mulher que acusa o socialista francês de 62 anos está "aterrorizada" com a libertação de seu suposto agressor, declarou seu advogado Jeff Shapiro.
Mas Strauss-Kahn, que entregou todos os seus documentos de viagem ao juiz, é alvo de vigilância máxima: captado por uma câmera de vídeo permanentemente, utiliza uma tornozeleira eletrônica 24 horas por dia e tem guardas armados na porta de seu apartamento.
Por enquanto só está autorizado a sair por razões médicas, embora possa receber a visita de familiares e amigos. Strauss-Kahn deve permanecer neste apartamento por "alguns dias", segundo o juiz Michael Obus.
Quando for levado à residência que será "definitiva" enquanto o julgamento durar, Strauss-Kahn terá direito a assistir às audiências judiciais, reuniões com seus advogados, a realizar visitas ao médico e à sinagoga.
A próxima audiência no Tribunal Penal de Nova York ocorre no dia 6 de junho e nela poderá declarar-se inocente das acusações feitas contra ele.
Caso seja considerado culpado das sete acusações, Strauss-Kahn - cuja detenção sacudiu o Partido Socialista francês, que o via como candidato para as eleições presidenciais de 2012 - pode ser condenado a até 74 anos de prisão.
Os investigadores dizem ter evidência física - incluindo um exame médico realizado imediatamente após a denúncia - que mostra uma tentativa de estupro.
Strauss-Kahn foi detido no aeroporto Kennedy de Nova York a bordo de um avião que se preparava para decolar para a França, poucas horas após o incidente.
Ao mesmo tempo que a promotoria, mas com outros objetivos, uma companhia de detetives particulares está trabalhando com um dos advogados de Strauss-Kahn, Benjamin Brafman, de acordo com o jornal The New York Times.
Trata-se de uma empresa chamada Guidepost Solutions e cujo presidente é um ex-chefe da divisão de promotores federais no Tribunal Penal de Manhattan.
Sua tarefa é investigar a mulher que acusa o ex-chefe do FMI para tentar encontrar dados e provas que desacreditem seu testemunho diante do juiz.
Por sua vez, o FMI anunciou na sexta-feira que o processo de seleção do novo diretor-gerente começará com candidaturas abertas no dia 23 de maio e a decisão ocorre até 30 de junho.
Segundo fontes europeias, a atual ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde, está "quase entronizada" como candidata da União Europeia (UE). O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, deu neste sábado seu apoio a Lagarde.
A Europa é a principal contribuinte do FMI e tradicionamente o cargo de diretor-gerente do órgão esteve reservado a europeus desde sua criação, em 1944, enquanto os Estados Unidos conservam a liderança do Banco Mundial.
No entanto, países como China, Brasil e México advertiram nesta semana que as regras do jogo devem mudar, pedindo que levem em conta os méritos, e não a nacionalidade, na hora de substituir Strauss-Kahn.