Strauss-Kahn: partidários do ex-chefe do FMI querem ele nas eleições francesas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2013 às 11h09.
São Paulo - A suposta vítima de Dominique Strauss-Kahn cometeu erros e mentiu, admitiu nesta sexta-feira seu advogado Kenneth Thompson, tentando convencer a opinião pública de que o essencial não mudou e que sua cliente foi alvo de um violento ataque sexual.
Depois da incrível virada registrada nas últimas horas no caso contra o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Thompson enfrentou uma imprensa muito cética após a curta audiência de sexta-feira na qual Strauss-Kahn foi libertado sob juramento.
Em um ambiente hostil, o advogado da acusação tentou barrar as revelações sobre o comportamento e o passado da vítima, que prejudicaram sua credibilidade segundo a promotoria, apesar de no final ter admitido que as informações veiculadas pela imprensa não eram falsas.
"É fato que a vítima cometeu alguns erros, mas isso não quer dizer que não seja vítima de estupro", disse Thompson, que utilizou um duro discurso no qual fez um relato explícito do suposto ataque sexual ocorrido em 14 de maio.
"Sua credibilidade é importante. A credibilidade de qualquer vítima de estupro é importante, mas não pode ofuscar a evidência física", insistiu, antes de admitir que sua cliente "mentiu" em seu relato sobre a cronologia exata dos fatos por medo de "perder seu trabalho".
"Não sabia o que fazer e não queria perder seu trabalho", explicou, em referência à omissão em sua declaração aos promotores de que limpou outro quarto antes de transmitir ao supervisor do hotel o ocorrido, em vez de denunciar imediatamente o suposto ataque sexual.
Entre os pontos obscuros do comportamento e declarações da mulher, o jornal New York Times indicou que policiais tinham detectado suspeitas relacionadas com sua solicitação de asilo e o fato de uma suposta denúncia de estupro.
Segundo Thompson, a suposta vítima mentiu quanto à sua solicitação de asilo para evitar ser deportada. "Não queria ser deportada porque tem muito medo de ter que voltar para a Guiné", afirmou.
As revelações do New York Times mencionavam também vínculos não confirmados com o crime, como a participação em lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
"Todas essas declarações que foram vazadas pela promotoria do distrito sobre o fato de estar envolvida em drogas, isso é mentira", reagiu Thompson.
O advogado teve, no entanto, mais dificuldades para negar outras informações vazadas à imprensa sobre indivíduos que depositaram dinheiro na conta bancária da mulher nos últimos dois anos em um total de 100.000 dólares, e uma conversa por telefone com um preso na qual a suposta vítima "discutiu sobre o interesse de continuar as acusações" contra Strauss-Kahn.
Sobre o dinheiro, Thompson limitou-se a dizer que "não se trata de 100.000 dólares".
Quanto à ligação com o preso, o advogado admitiu que ocorreu.
"Quando estava no telefone com este homem, que ela não sabia que era um traficante de drogas, disse o que aconteceu no quarto do hotel e foi consistente com o que havia contado ao júri e aos promotores desde o primeiro dia", afirmou.
De acordo com o advogado da acusação, esses vazamentos e a decisão de sexta-feira de libertar Strauss-Kahn sob palavra mostram que o promotor Cyrus Vance "tem muito medo de tratar desse caso".
Por último, o advogado indicou que sua cliente já não se ocultará e enfrentará a imprensa "em breve".
"Ela não vai mais se esconder. Vai sair diante de todos vocês e vai dizer o que Dominique Strauss-Kahn fez contra ela", concluiu, em tom ameaçador.