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St. Patrick's Day se veste de rosa em apoio ao movimento gay

Irlanda comemora o dia de seu padroeiro, São Patrício, se tingindo de verde, mas desta vez ganhará mais força a cor rosa, em solidariedade ao movimento gay

Ativistas se preparam para fazer marcha em apoio aos direitos de homossexuais em Boston, no St. Patrick's Day: festividades sempre foram um pouco gays, brinca ativista (Dominick/Reuters)

Ativistas se preparam para fazer marcha em apoio aos direitos de homossexuais em Boston, no St. Patrick's Day: festividades sempre foram um pouco gays, brinca ativista (Dominick/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 10h22.

Dublin - Como em todos os anos, a Irlanda comemora o dia de seu padroeiro, São Patrício, se tingindo de verde, incluindo rios e até a cerveja nos pubs, mas desta vez ganhará mais força do que nunca a cor rosa, em solidariedade ao movimento gay.

Os dois tons vão se misturar durante o tradicional desfile que a cada 17 de março percorre as ruas de Dublin e pelas quais marcharão, entre outros coletivos minoritários, os de Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais (LBGT).

E isso ao contrário de outras populares manifestações pelo St. Patrick"s Day (Dia de São Patrício, em inglês) que realizadas nesta segunda-feira em todo o mundo, como a de Nova York, cujos organizadores nunca permitiram o desfile de grupos com símbolos ou bandeiras homossexuais.

Não seria nada de novo neste ano na "Big Apple" se não fosse pelo fato de o prefeito dessa cidade, o democrata Bill de Blasio, ter decidido neste ano, seu primeiro no cargo, não participar dos atos como protesto.

Seu antecessor, o independente Michael Bloomberg, não perdeu em 12 anos de prefeitura um desfile que data de 1762 - anterior inclusive à independência dos Estados Unidos - e que é um dos momentos mais festivos para uma cidade na qual a influência da imigração irlandesa foi muito forte durante séculos.

São Patrício é considerado o religioso que trouxe o cristianismo à Irlanda e, de quebra, expulsou as serpentes, mas, especialmente, nessa data se celebra tudo o que é relacionado com os irlandeses: a música, a literatura, a cerveja Guinness ou a cultura dos pubs.

Por esse motivo, em uma jornada na qual muita gente em todo o mundo quer ser e de fato se sente um pouco irlandês, os organizadores do "St. Patrick"s Festival" de Dublin querem deixar claro que a sociedade deste país é agora mais moderna, tolerante e multicultural, explicou à Agencia Efe um de seus porta-vozes.

Assim, enquanto na Quinta Avenida nova-iorquina, onde a cada ano assistem ao desfile um milhão de pessoas, predominará o verde, em O"Connell Street, em pleno centro da capital irlandesa, serão vistos o rosa, plumas, e roupas extravagantes.


"A organização pediu especificamente o envolvimento do movimento LGBT. Quer que as frotas (de caminhões, carros), sua gente, seus símbolos apareçam no desfile", afirmou o ativista Brian Finnegan, também diretor da revista Gay Community News (GCN).

"Embeleza e enriquece a passeata", afirmou o ex-bailarino e coreógrafo Eddie McGuinness, que há anos colabora com o "St. Patrick"s Festival" para deixar para trás alguns convenções.

Enquanto em Nova York ainda predominam as bandas de música, os desfiles dos corpos de bombeiros e da polícia ou os das "antigas ordens de Hibernia" (de profundo caráter religioso), na velha Irlanda as coisas mudaram.

Desde a década de 90, o desfile dublinense, que atrai quase meio milhão de pessoas à cidade, adotou um estilo mais carnavalesco, com elementos mitológicos, burlescos ou célticos, e se rendem tributos ao fogo, à água ou à terra, como em ritos pagãos.

"É um reflexo da nova sociedade irlandesa. Em Nova York, se proibiu realmente que os gays desfilassem porque muitas outras minorias podem participar com bandeiras, com emblemas que dizem quem são. E não é permitido ao movimento LGBT dizer quem é", lamentou Finnegan.

Em sua opinião, é triste que figuras como De Blasio aproveitem o evento para "sua agenda política", pois "o fácil", disse, é boicotar e não tomar medidas específicas sobre uma questão que também envolve o primeiro-ministro irlandês, o conservador Enda Kenny, que decidiu participar do desfile nova-iorquino.

"A realidade é que aqui temos um São Patrício que de verdade abraça e promove a diversidade. Por um dia, o povo quer ser irlandês, portanto por que não vamos dar exemplo e liderar o caminho?", questionou McGuinness.

As festividades de São Patrício "sempre foram um pouco gays", brincou o ativista, parafraseando a já famosa campanha lançada pelo Instituto Canadense de Diversidade e Inclusão durante os últimos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi para protestar pela política contra os homossexuais do governo russo.

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