Buscas continuam no Japão: 24 mil militares participam da operação (Paula Bronstein/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2011 às 09h58.
Tóquio - Milhares de soldados japoneses e americanos iniciaram nesta sexta-feira uma grande operação aérea e marítima para localizar corpos de vítimas do terremoto e tsunami de 11 de março, na costa nordeste do Japão.
A busca teve início pouco depois do governo ter anunciado a detecção de radiação de iodo 131 na água a 15 metros de profundidade sob a central nuclear de Fukushima.
"Este nível é 10.000 vezes superior ao limite de segurança estabelecido pelo governo", afirmou um porta-voz da Tepco, a empresa que opera a central.
Enquanto prosseguem na luta contra a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, os japoneses pararam por um minuto nesta sexta-feira para lembrar o momento do terremoto, que deixou 28.000 mortos e desaparecidos.
A busca dos corpos mobiliza 120 aviões e helicópteros, além de 65 navios ao longo da devastada costa nordeste.
No total, 24.000 militares dos dois países aliados participam na operação, que deve durar três dias.
As buscas, no entanto, não poderão acontecer em um perímetro de 30 km ao redor da central acidentada de Fukushima Daiichi, onde o nível de radiação é perigoso.
Quase mil corpos estão na área de segurança ao redor da central de Fukushima e não podem ser recolhidos, destacou a imprensa nipônica.
As autoridades haviam previsto a retirada dos corpos fora do perímetro de 20 km, de onde foram resgatados os sobreviventes, mas reconsideraram o plano, segundo a agência Kyodo.
Os cadáveres foram submetidos, de fato, a fortes níveis de radiação "post mortem", segundo uma fonte oficial. Assim, a polícia local decidiu não retirar os corpos ainda.
Diversos problemas se apresentam: descontaminar os corpos no local tornará ainda mais difícil a identificação posterior, e entregá-los da maneira que estão às famílias acarretaria riscos de contaminação radioativa aérea durante a incineração.
O primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, afirmou nesta sexta-feira que os japoneses não correm nenhum perigo de exposição a taxas perigosas de radioatividade caso sigam os conselhos das autoridades, três semanas depois do terremoto e tsunami que provocaram o acidente nuclear em Fukushima.
Dois dias depois de uma recomendação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para que o Japão amplie a zona de segurança de 20 km ao redor da central nuclear acidentada, Kan insistiu que o país decide "a área de segurança em função dos conselhos e propostas dos especialistas".
"No Japão, nós pedimos às pessoas que sigam as regras porque, se assim o fizerem, não haverá consequências para sua saúde", explicou Kan durante uma entrevista coletiva.
Na central de Fukushima, os técnicos estão prontos para jogar uma resina sobre os escombros dos edifícios dos reatores, como parte dos esforços destinados a controlar a situação.
O impacto sobre o meio ambiente se agravou, com altos níveis de iodo 131 detectados em uma camada de água a 15 metros de profundidade sob o reator número um.
Nas amostras de água do mar recolhidas 300 metros ao sul da central, o nível de iodo radioativo era 4.385 vezes superior ao permitido.
A contaminação radioativa, que provocou uma paralisia das exportações de vegetais, laticínios e outros alimentos em oito municípios, chegou à carne.
A análise de uma amostra de carne obtida em Tenei, no município de Fukushima, a 70 km da central nuclear, registrou um nível de 510 becquerels de césio radioativo, superando o limite de 500 becquerels.
O governo afirma que a contaminação na água e nos alimentos não representa perigo imediato para a saúde.