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Sócrates salta à arena eleitoral após sua reeleição como líder socialista

O chefe de Governo interino pronunciou neste domingo um discurso eleitoral com ataques ao principal partido opositor, o Social Democrata

O pedido de renúncia apresentado por José Sócrates na quarta-feira passada abriu uma crise institucional no país (Getty Images)

O pedido de renúncia apresentado por José Sócrates na quarta-feira passada abriu uma crise institucional no país (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2011 às 17h49.

Lisboa - O primeiro-ministro demissionário de Portugal, José Sócrates, salta à arena eleitoral após ser reeleito líder do Partido Socialista (PS) lançando duras críticas à oposição conservadora que forçou sua queda.

O chefe de Governo interino pronunciou neste domingo um discurso eleitoral com ataques ao principal partido opositor, o Social Democrata (PSD, centro-direita), quando surge no país uma provável realização de eleições legislativas antecipadas.

O pedido de renúncia apresentado por Sócrates na quarta-feira passada abriu uma crise institucional que deixou nas mãos do chefe do Estado, Aníbal Cavaco Silva, a decisão de convocar eleições antecipadas, como pedem todos os partidos, ou formar outro Governo.

O primeiro-ministro demissionário, que perdeu a maioria absoluta no pleito de 2009, alertou perante seus militantes dos perigos de uma hipotética intervenção financeira e acusou o PSD de "debilitar" a posição de Portugal pela rejeição parlamentar do plano de ajuste fiscal apresentado pelos socialistas.

A oposição lusa em bloco, desde os conservadores até a esquerda marxista, tombou na quarta-feira passada o último plano de austeridade do Governo, que pretendia reduzir drasticamente o déficit, segundo exige a Comissão Europeia, e precipitou a renúncia de Sócrates.

Os Social-democratas "estão rendidos à ideia que Portugal tenha que ter um programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Não será bom nem para Portugal, nem para a Europa", declarou.

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, cujo partido outorgam as pesquisas uma vitória clara no caso de uma eleição antecipada, desejou em recente entrevista que Portugal não tenha a necessidade de recorrer a um resgate financeiro, embora esclareceu que "não vale a pena 'demonizar'o FMI".

"Existe para ajudar os países a superarem a crise", lembrou o dirigente conservador e ressaltou que a Irlanda e Grécia, apesar de não terem seus problemas resolvidos, "pagam hoje menos (juros) que Portugal".

Respaldado pelo majoritário apoio de seus militantes, que lhe reelegeram nesta madrugada secretário-geral pela quarta vez com mais de 90% de apoio, Sócrates centrou nas indesejáveis consequências de uma intervenção em Portugal e previu que esta poderia servir para "especular" a dívida de outros países da zona do Euro.

"Nunca me escondo perante as dificuldades. Estou aqui para enfrentar o julgamento dos portugueses", asseverou Sócrates, cuja candidatura nas hipotéticas eleições antecipadas já se dá por feita no entorno do PS.

A renúncia do primeiro-ministro reduziu as perspectivas de Portugal e os juros dos títulos de dívida pública lusa dispararam até ultrapassar 8%, além de ter reavivado os temores europeus que a instabilidade portuguesa reative a crise do débito soberano e ponha em risco a solidez do euro.

O presidente Cavaco Silva, cujas principais funções são sancionar leis, convocar eleições e velar pelo funcionamento das instituições, surge agora como figura chave para achar um caminho à encruzilhada na qual se encontra o país.

O líder conservador reúne-se nesta segunda-feira com o presidente da Assembleia Legislativa, Jaime Gama, após realizar na sexta-feira a primeira rodada de conversas com os líderes dos seis grupos parlamentares portugueses.

Os seis grupos parlamentares portugueses advogaram então por realizar eleições antecipadas para sair da crise política e econômica de Portugal e apontaram que início de junho seria a data mais adequada.

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