Sheinbaum defende sobrevoos de drones dos EUA em colaboração no combate ao narcotráfico (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 15h50.
A presidente Claudia Sheinbaum afirmou nesta quarta-feira, 19, que os sobrevoos de drones dos Estados Unidos no território mexicano fazem parte de uma colaboração de longa data entre os dois países, depois que veículos de imprensa americanos registraram um aumento da vigilância aérea sobre os cartéis do narcotráfico.
“Não há nada de ilegal, o que há é uma colaboração e uma cooperação que tem muitíssimos anos, não é de agora”, assegurou Sheinbaum durante sua coletiva de imprensa habitual.
“Muitas vezes é a pedido, ou melhor, todas as vezes é a pedido do governo do México”, acrescentou a presidente.
De acordo com o jornal The New York Times, Washington intensificou os sobrevoos secretos de drones no México em busca de laboratórios de fentanil, como parte da campanha do presidente americano, Donald Trump, contra os cartéis de drogas.
A Agência Central de Inteligência (CIA) não foi autorizada a empregar os drones em ações letais, e toda a informação coletada é compartilhada com os funcionários mexicanos, detalhou o jornal, ressaltando que o programa secreto começou durante o mandato do antecessor de Trump, Joe Biden, mas não tinha sido revelado até agora.
Na semana passada, o governo do México informou que uma aeronave militar dos Estados Unidos pode ter realizado trabalhos de espionagem durante voos recentes perto de seu território.
O México acrescentou que estava a par de dois voos da aeronave, realizados no fim de janeiro e começo de fevereiro, que ocorreram, segundo o secretário da Defesa, Ricardo Trevilla, no espaço aéreo internacional.
No contexto de uma intensificação do combate às drogas, o governo mexicano também reagiu a medidas mais rígidas de Trump. Em 1º de fevereiro, Trump impôs tarifas alfandegárias de 25% ao México e ao Canadá, seus parceiros no tratado comercial T-MEC, acusando-os de não fazer o suficiente contra a imigração irregular e o tráfico de fentanil.
Trump adiou, no entanto, a entrada em vigor da medida até março, após os dois países se comprometerem a atender seus apelos. O México mobilizou 10 mil militares para patrulhar a fronteira de 3.100 km com os Estados Unidos.
Desde então, o governo de Sheinbaum tem anunciado de maneira mais frequente as detenções de traficantes e a apreensão de entorpecentes. Na terça-feira, forças de segurança mexicanas apreenderam 4.700 litros de metanfetamina líquida na cidade de Culiacán, em Sinaloa, reduto do cartel de mesmo nome, em uma apreensão qualificada pelo governo como “a maior” da atual administração.
No passado, Trump assinou um decreto que deu início ao processo para declarar os cartéis mexicanos como organizações terroristas. Nesta terça-feira, o republicano afirmou que tem “uma relação muito boa com o México”, mas que o país está “em grande parte controlado pelos cartéis”.
Em resposta, Sheinbaum afirmou: “Não concordamos”, em relação à acusação de Trump.
A colaboração entre México e EUA no combate ao narcotráfico continua a ser um tema central nas relações entre os dois países, com implicações para a segurança e a diplomacia.