Hiroshima: anúncio coincide com o 75° aniversário do ataque perpetrado em 1941 (Yuya Shino/Getty Images)
EFE
Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 11h55.
Última atualização em 6 de dezembro de 2016 às 11h55.
Tóquio - Sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima, uma das piores atrocidades da humanidade, celebraram nesta terça-feira a anunciada visita do primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, à base americana de Pearl Harbor no final de dezembro.
O primeiro-ministro anunciou na segunda-feira a visita, que coincide com o 75° aniversário do ataque perpetrado em 7 de dezembro de 1941 pelo Exército japonês à estação naval e que desencadeou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.
Abe se transformará no primeiro líder japonês a visitar Pearl Harbor, justo sete meses depois que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, viajou para Hiroshima para homenagear às vítimas do ataque nuclear.
"Me alegro sobre a visita (...), mas teria gostado mais ainda que fosse inclusive antes", explicou à Agência Efe Keiko Ogura, sobrevivente do ataque a Hiroshima e que, desde então, advoga pelo fim das armas nucleares.
Ogura tinha 8 anos quando em 6 de agosto de 1945 às 8h15 local a bomba batizada com o nome de "Little boy" (menino pequeno) caiu sobre sua cidade e acabou com a vida de cerca de 140 mil pessoas.
Ao implacável ataque do Exército dos Estados Unidos seguiu outro em 9 de agosto na cidade de Nagasaki, que desencadeou na rendição do Japão e no final da Segunda Guerra Mundial.
Obama fez história no mês de maio ao se transformar no primeiro presidente dos Estados Unidos em exercício a visitar a cidade japonesa, um gesto cheio de simbolismo durante o qual, no entanto, não pediu perdão.
Agora acompanhará Abe em sua visita ao Havaí, último encontro entre ambos líderes antes de Obama concluir seu mandato em janeiro.
Toshiyuki Mimaki, vice-presidente da associação de vítimas Hidankyo e que tinha 3 anos quando a bomba caiu sobre Hiroshima, pediu que seja reconhecida a responsabilidade do Japão pelo ataque que causou mais de 2,4, mil mortos militares e civis.
"Foi Japão que começou a guerra e acho que é necessário pedir perdão, embora haja divergências. Tal como disse Obama, espero que falem de um mundo sem armas nucleares nem guerras", disse Mimaki.
No entanto, embora o governo japonês tenha dito que esta visita é uma "amostra de reconciliação" entre os dois países, Abe renderá uma homenagem às vítimas, mas não oferecerá uma desculpa.
Mimaki, que se reuniu este ano com ex-militares americanos, reconheceu em declarações à Agência Efe que agora é o turno do Japão, já que eles "já pediram perdão pelas bombas atômicas".
Por sua vez, Sunao Tsuboi, que preside uma organização de sobreviventes da bomba atômica e falou com Obama durante sua visita a Hiroshima, afirmou ao jornal Nikkei que a viagem de Abe "ocorre demais tarde".
No entanto, o idoso de 91 anos reconheceu que este gesto está orientado rumo ao futuro, "e isso é bom".