Mundo

Sobem a 11 os mortos em naufrágio na Itália

Os mergulhadores dos serviços de resgate italianos localizaram nesta terça-feira outros cinco corpos nos restos da embarcação

Por enquanto, 22 pessoas que viajavam a bordo do cruzeiro continuam desaparecidas (Andreas Solaro/AFP)

Por enquanto, 22 pessoas que viajavam a bordo do cruzeiro continuam desaparecidas (Andreas Solaro/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2012 às 19h09.

Roma .- O número de mortos do naufrágio do cruzeiro Costa Concordia ocorrido na sexta-feira perto da ilha italiana de Giglio aumentou nesta terça-feira para 11, enquanto outras 22 pessoas seguem desaparecidas e cresce a polêmica sobre o comportamento do capitão do navio, Francesco Schettino, que deverá permanecer em prisão domiciliar.

Os mergulhadores dos serviços de resgate italianos localizaram nesta terça-feira outros cinco corpos nos restos da embarcação - uma mulher e quatro homens, de idades entre 50 e 60 anos - que, com os coletes salva-vidas postos, se encontravam na popa do navio submerso nas águas do mar Tirreno.

Essas cinco vítimas se somam às seis encontradas nos últimos dias, entre elas o turista espanhol Guillermo Gual e o peruano Tomas Alberto Costilla Mendoza, membro da tripulação.

Por enquanto, 22 pessoas que viajavam a bordo do cruzeiro continuam desaparecidas, entre elas a também peruana Erika Soria, de 26 anos, que trabalhava como camareira no Costa Concordia.

Na lista de desaparecidos divulgada nesta terça-feira pelas autoridades italianas, que constituíram uma unidade de crise na localidade de Grosseto (centro da Itália), figuram seis italianos (entre eles uma menina de 5 anos), dez alemães e dois americanos, entre outros.

Os serviços de resgate, que nesta segunda-feira já tiveram de interromper o trabalho durante horas pelo movimento do navio, se apressam em agilizar as tarefas, mediante o uso de cargas explosivas para adentrar na carcaça da embarcação, diante das previsões de mau tempo e maré alta para quarta-feira.

Enquanto as equipes de resgate trabalham nas águas de Giglio durante as horas de sol, as atividades na Justiça prosseguem em Grosseto em relação ao comportamento do capitão do navio, acusado pela promotoria de homicídio culposo múltiplo, abandono de navio e naufrágio.


Schettino, que pode ser condenado a 15 anos de prisão, se submeteu nesta terça-feira a interrogatório da juíza de instrução Valeria Montesarchio, que determinou a prisão domiciliar do réu. Ele admitiu a ela que estava no comando do navio no momento em que a embarcação se chocou contra as rochas.

Tanto o promotor Francesco Verusio, que solicitou a prisão preventiva do capitão, como o advogado de Schettino, Bruno Leporatti, informaram posteriormente sobre o conteúdo do interrogatório, realizado no Tribunal de Grosseto.

Segundo Leporatti, o réu afirmou à juíza que não abandonou o navio e disse que salvou a vida de 'centenas, milhares de pessoas' com as manobras que ele disse ter feito após a colisão do navio, com 4.229 pessoas a bordo no momento do naufrágio.

O advogado anunciou à imprensa que o capitão assumiu seu papel na direção da manobra do navio após o choque. Conforme Leporatti, não há necessidades de a juíza ditar medidas cautelares sobre o capitão do navio.

Mas o comportamento de Schettino durante o naufrágio segue gerando polêmica, à medida que se conhecem mais detalhes sobre o incidente da noite de sexta-feira passada, quando um 'erro humano', segundo a empresa proprietária do navio, Costa Cruzeiros, fez com que a embarcação encalhasse ao se aproximar demais da ilha.

O jornal milanês 'Corriere della Sera' publicou nesta terça-feira o conteúdo de uma conversa telefônica entre o capitão e um responsável da Capitania dos Portos que revela que Schettino teria abandonado o navio antes que todos os passageiros o deixassem, o que viola as regras dos mares.


Segundo a reportagem do 'Corriere della Sera', a Capitania perguntou a Schettino às 0h32 já de sábado (horário local) quantas pessoas ainda estavam a bordo. Embora a embarcação ainda estivesse cheia, o comandante respondeu que só restavam 200 ou 300 pessoas.

A resposta despertou suspeitas e o capitão do cruzeiro admitiu em um primeiro momento que tinha abandonado o navio, mas depois se retratou perante a indignação do interlocutor da Capitania, que discute em um tom bastante severo com Schettino.

'Volte imediatamente a bordo, suba pela escada de segurança e coordene a evacuação. Você deve nos dizer quantas pessoas ainda estão lá: crianças, mulheres, passageiros, o número exato de cada categoria', determinou a Capitania dos Portos.

Fontes próximas à investigação que citam a imprensa italiana indicam que Schettino terá de se submeter a exames toxicológicos. Nesta quarta-feira, começarão as tarefas de preparação para a retirada das 2.380 toneladas de combustível do navio encalhado, que ameaçam o rico ecossistema marinho da região. 

Acompanhe tudo sobre:EuropaItáliaNaviosOceanosPaíses ricosPiigsTransportes

Mais de Mundo

Smartphones podem explodir em série como os pagers no Líbano?

ONU diz que risco de desintegração do Estado de Direito na Venezuela é muito alto

Quem é Ibrahim Aqil, comandante do Hezbollah morto em ataque de Israel a Beirute

Portugal diz ter controlado todos os incêndios que se espalharam pelo país esta semana