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Sobe tensão entre Índia e Paquistão por crise na Caxemira

Desde a independência do império colonial britânico em 1947, a Caxemira se encontra dividida entre Índia e Paquistão, duas potências nucleares

Caxemira: Clima tenso entre Índia e Paquistão, duas potências nucleares, após a supressão da autonomia da região (ALEXANDRE MARCHAND/AFP)

Caxemira: Clima tenso entre Índia e Paquistão, duas potências nucleares, após a supressão da autonomia da região (ALEXANDRE MARCHAND/AFP)

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AFP

Publicado em 8 de agosto de 2019 às 11h10.

O conflito diplomático se acentua entre Índia e Paquistão, após a supressão da autonomia da Caxemira, tema que Nova Délhi disse nesta quinta-feira (8) se tratar de um "assunto interno", em resposta à expulsão de seu embaixador em Islamabad.

"Os recentes acontecimentos vinculados ao artigo 370 [da Constituição indiana] são um assunto interno da Índia", afirmou o Ministério indiano das Relações Exteriores, em um comunicado, no qual também denunciou "ações unilaterais" do Paquistão.

Na quarta-feira à noite, Islambad havia anunciado a expulsão do embaixador indiano no Paquistão e convocado seu representante diplomático em Nova Délhi para consultas.

O governo paquistanês também suspendeu o comércio bilateral, uma medida mais simbólica, considerando-se os limitados vínculos comerciais entre ambos. Estes dois países já se enfrentaram em três guerras, duas delas pela disputa de Caxemira.

"A intenção por trás desta medida é mostrar ao mundo uma imagem alarmante das nossas relações bilaterais", criticou a Chancelaria indiana.

Nesta quinta, em uma entrevista coletiva em Islamabad, o ministro paquistanês das Relações Exteriores, Shah Mehmood Qureshi, descartou uma ação militar imediata contra o país vizinha na disputa por Kashmir.

"O Paquistão não está procurando a opção militar. Estamos olhando preferencialmente para opções políticas, diplomáticas e legais para lidar com a situação predominante", afirmou o ministro.

Também nesta quinta, o premiê indiano, Narendra Modi, fará um discurso para explicar a decisão adotada na segunda-feira de revogar, de forma unilateral, a autonomia constitucional do setor indiano da Caxemira.

A maioria nacionalista hindu no Parlamento indiano também votou a divisão do estado da Caxemira em dois territórios administrados diretamente por Délhi, uma decisão que pode incendiar essa conflituosa região reivindicada pelo Paquistão.

No domingo, milhares de soldados indianos foram enviados para esta região do Himalaia, onde a Índia já contava com meio milhão de soldados. Desde então, a Caxemira está isolada do mundo, com as comunicações cortadas, lojas fechadas e ruas desertas.

Malala pede "paz"

Mais de 500 pessoas foram detidas na Caxemira depois de explosão da crise, informou a imprensa indiana nesta quinta.

Empresários, ativistas e professores universitários estão entre as 560 pessoas presas nas cidades de Srinagar, Baramulla e Gurez, segundo a agência de notícias Press Trust of India e o jornal "India Express".

Um recurso judicial foi apresentado no Supremo Tribunal indiano para pedir a soltura dos detidos e a derrogação das medidas restritivas na Caxemira.

Desde a independência do império colonial britânico em 1947, a Caxemira se encontra dividida entre Índia e Paquistão, duas potências nucleares.

Uma insurreição militar contra Nova Délhi ganhou força na região na década de 1990 e voltou a recrudescer há três anos.

Seus habitantes temem que a supressão da autonomia favoreça o ressentimento na população local, majoritariamente hostil à Índia.

"Sabemos que a Caxemira está fervendo. Vai ter uma explosão violenta, mas não sabemos quando. Não sei como se pode suspender o confinamento sem que haja protestos violentos", disse esta semana à AFP uma autoridade de segurança do Vale do Srinagar.

A agência de Segurança Aérea indiana pediu aos aeroportos que reforcem seus dispositivos de segurança e os advertiu de que "a aviação civil pode ser um alvo fácil de ataques terroristas".

"Estou preocupada com a segurança das crianças e das mulheres, os mais vulneráveis na violência e no conflito", tuitou a Prêmio Nobel da Paz Malala Yousafzai.

"Representamos culturas, religiões, línguas, gastronomias e tradições distintas. Acredito que possamos viver em paz", acrescentou a jovem paquistanesa que sobreviveu a um ataque dos talibãs.

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