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Sob ameaça terrorista, França vive incerteza antes de eleição

Sob sombra do terrorismo, país vai às urnas em eleição mais imprevisível dos últimos anos

França: sob sombra do terrorismo, país vai às urnas em eleição mais imprevisível dos últimos anos (Christian Hartmann/Reuters)

França: sob sombra do terrorismo, país vai às urnas em eleição mais imprevisível dos últimos anos (Christian Hartmann/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de abril de 2017 às 11h09.

A França convive com a incerteza neste sábado, véspera do primeiro turno da eleição presidencial mais imprevisível em décadas e que acontecerá sob forte vigilância policial poucos dias depois de um novo atentado.

A votação de domingo promete ser a mais disputada da história recente da França, com uma pequena diferença nas pesquisas entre quatro dos 11 candidatos e um elevado nível de indecisão dos eleitores.

De acordo com as pesquisas, 25% dos eleitores se declaram indecisos e muitos preveem uma taxa de abstenção alta.

O centrista Emmanuel Macron e a líder da extrema-direita Marine Le Pen lideram as intenções de voto, mas o conservador François Fillon e o esquerdista Jean-Luc Mélenchon estão próximos.

A diferença entre os quatro candidatos é tão pequena que está dentro da margem de erro das pesquisas, o que significa que todos têm chances de passar para o segundo turno de 7 de maio.

Parte dos franceses que moram em territórios de ultramar e no exterior, incluindo na América Latina e Estados Unidos, começaram a votar neste sábado, um dia antes que os eleitores em território metropolitano.

A reta final da campanha foi abalada por um atentado na emblemática avenida Champs Elysées de Paris, que deixou em alerta um país traumatizado por uma onda de ataques jihadistas que deixaram mais 230 mortos desde 2015.

Karim Cheurfi, um criminoso reincidente de 39 anos, abriu fogo na quinta-feira à noite na movimentada avenida comercial e matou um policial, além de ter deixado outros dois feridos, antes de ser abatido pelas forças de segurança. O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou o ataque.

Apesar da dificuldade de medir o impacto do ataque na eleição, alguns analistas acreditam que poderia reduzir a brecha nas intenções de voto entre os principais candidatos.

"Se beneficiar alguém seria Marine Le Pen, que concentrou sua campanha na segurança, ou François Fillon por sua estatura presidencial", afirmou Adélaïde Zulfikarpasic, diretora do instituto de pesquisas BVA.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o atentado terá um grande impacto na eleição e "provavelmente beneficiaria" Le Pen.

Os políticos consideram "provável" um comparecimento às urnas maior que o esperado em reação ao ataque.

Vigilância máxima

A campanha oficial terminou na sexta-feira à meia-noite (19H00 de Brasília), o que proíbe a imprensa dedivulgar pesquisas ou declarações dos candidatos até o fim do horário de votação no domingo.

Em um clima de tensão máxima, o presidente socialista François Hollande afirmou que o governo não poupará recursos para garantir a segurança dos eleitores. As autoridades mobilizarão no domingo mais 50.000 policiais e agentes em todo o país, apoiados por 7.000 militares.

"Nada deve prejudicar o encontro democrático", afirmou o primeiro-ministro Bernard Cazeneuve.

Dois dias antes do tiroteio em Champs Elysées, a polícia prendeu em Marselha, sul da França, dois homens suspeitos de planejar um atentado.

No último dia de campanha, os candidatos de direita e de extrema-direita endureceram o discurso no tema segurança, com pedidos de reforço da luta contra o terrorismo.

"Há 10 anos, sob os governos de direita e de esquerda, se faz de tudo para perder a guerra contra o terrorismo", denunciou Le Pen em tom belicoso.

François Fillon, afetado por um escândalo de supostos empregos fictícios para a esposa e os filhos, afirmou que está determinado a combater i terrorismo "com mão dura".

"Parece que alguns ainda não entenderam a magnitude do mal que nos ataca", afirmou, em uma crítica ao atual governo.

As declarações dos candidatos foram condenadas pelo governo socialista, que os acusou de "instrumentalizar" o atentado e "agitar sem vergonha o medo" dos franceses com objetivos exclusivamente eleitorais.

A segurança e o desemprego são os dois temas que mais preocupam os franceses, mas a campanha foi marcada por problemas judiciais de alguns candidatos e não aprofundou o debate.

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