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Snowden continua em Moscou e Rússia ignora pressão americana

Governo russo reiterou que nenhuma ameaça americana vai obrigar o país a entregar o ex-agente da NSA acusado de espionagem


	Cartaz com a foto de Edward Snowden em Hong Kong: "ameaças dos Estados Unidos contra a Rússia e a China no caso Snowden não darão nenhum resultado", afirmou autoridade russa
 (Philippe Lopez/AFP)

Cartaz com a foto de Edward Snowden em Hong Kong: "ameaças dos Estados Unidos contra a Rússia e a China no caso Snowden não darão nenhum resultado", afirmou autoridade russa (Philippe Lopez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2013 às 12h47.

Moscou - A Rússia reiterou nesta quarta-feira que nenhuma ameaça americana obrigará o país a entregar Edward Snowden, ex-técnico acusado por Washington de espionagem e que, depois de pedir asilo político ao Equador, permanece na zona de trânsito do aeroporto de Moscou.

"As ameaças dos Estados Unidos contra a Rússia e a China no caso Snowden não darão nenhum resultado", escreveu no Twitter Alexei Pushkov, presidente da comissão das Relações Exteriores da Duma (câmara baixa do Parlamento russo).

Pushkov afirmou ainda que o ex-consultor da Agência Nacional de Inteligência (NSA), assim como o fundador do WikiLeaks Julian Assange, eram os "novos dissidentes que combatem o sistema".

O governo dos Estados Unidos solicitou a extradição de Snowden, que desembarcou no domingo em Moscou, procedente de Hong Kong.

O secretário de Estado John Kerry alertou Moscou e Pequim que o caso Snowden terá consequências nas relações com os Estados Unidos.

Depois de várias horas sem ninguém saber o paradeiro do ex-consultor da NSA, o presidente russo Vladimir Putin confirmou a presença de Snowden na zona de trânsito do aeroporto.

"Para nós, foi algo totalmente inesperado", anunciou o presidente russo, em visita a Finlândia.

O americano de 30 anos, que revelou dados sobre o programa de espionagem da NSA, assim como do monitoramento de ligações telefônicas e da internet nos Estados Unidos e no exterior, teria deixado Hong Kong em direção a Moscou sem ter sido visto por ninguém.


Segundo Putin, o americano "chegou como passageiro em trânsito e, como tal, não necessita de visto nem de qualquer outro documento".

"É um homem livre. O quanto antes escolher o seu destino final, melhor será, para todos nós e para ele", acrescentou, descartando qualquer intervenção russa.

Uma fonte citada nesta quarta-feira pela agência Interfax afirmou que a razão pela qual o americano continua na zona de trânsito do aeroporto de Moscou é porque ele não tem nenhum documento válido para viajar após o cancelamento pelos Estados Unidos de seu passaporte.

"O passaporte americano de Snowden foi anulado, ele não tem outro documento que prove a sua identidade. E é por isso que ele é obrigado a permanecer na zona de trânsito de Cheremetievo, e não pode entrar na Rússia e nem comprar uma passagem para o exterior", afirma esta fonte.

Para a organização WikiLeaks, Snowden poderia ficar preso permanentemente na Rússia, caso os Estados Unidos continuem a intimidar os países envolvidos no caso.

Após sua chegada à capital russa, fontes indicaram que Snowden pretende viajar para Havana e prosseguir em seguida para o Equador, país ao qual pediu asilo político.

O embaixador equatoriano teria se reunido com Snowden em sua chegada no domingo a Moscou.

Mas este país ainda não decidiu se concederá asilo político ao ex-consultor, já que pesam as ameaças de represália comercial da parte dos Estados Unidos.


O ministro equatoriano das Relações Exteriores, Ricardo Patiño, indicou que o departamento de Estado americano "enviou uma mensagem ao governo do Equador", mas não revelou o seu conteúdo.

O Equador já concedeu asilo a Julian Assange, também procurado pelos Estados Unidos por ter publicado em 2010 centenas de milhares de documentos diplomáticos confidenciais.

Assange está refugiado há um ano na embaixada equatoriana em Londres.

Na terça-feira, a Venezuela também declarou estar pronta para examinar um eventual pedido de asilo político de Edward Snowden.

"Não recebemos nenhum pedido oficial, mas se este for o caso, iremos analisá-lo", assegurou o presidente venezuelano Nicolas Maduro durante uma visita ao Haiti.

Após as declarações do presidente russo, os Estados Unidos insistiram para que Moscou detenha e entregue Edward Snowden.

"Apesar de não termos um tratado de extradição com a Rússia, há, no entanto, uma clara base legal para que Snowden seja expulso", reagiu a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Caitlin Hayden.

"Por isso, estamos pedindo que o governo russo inicie ações legais para expulsar Snowden o mais rápido possível e com base na forte cooperação entre as forças de ordem que tivemos, principalmente desde os atentados na Maratona de Boston", acrescentou a porta-voz.

A Casa Branca também reagiu contra Hong Kong, que deixou Edward Snowden partir, justificando não estar em medida de interpelá-lo.

Acusado de espionagem, Edward Snowden pode ser condenado a 30 anos de prisão nos Estados Unidos.

Neste contexto, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón anunciou nesta quarta-feira que não assumirá a defesa de Edward Snowden.

"Informo que o escritório de advogados ILOCAD decidiu não assumir a defesa dos interesses do Sr. Snowden", afirma em um comunicado Garzón, que agora dirige um gabinete jurídico em Madri e trabalha há alguns meses na defesa do australiano Julian Assange.

*Matéria atualizada às 12h46

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