Muitos questionavam, nesta quarta-feira, como é possível que os médicos americanos não tenham identificado imediatamente um paciente com sintomas de ebola, expondo outras pessoas à doença durante quatro dias antes de o indivíduo ser isolado.
O homem, cuja identidade e nacionalidade não foram reveladas, viajou recentemente da Libéria ao Texas para visitar familiares. A Libéria está no epicentro da epidemia de ebola na África Ocidental.
Ele deixou o país africano em 19 de setembro e não apresentou sintomas da doença até 24 de setembro, informou o chefe dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), Tom Frieden, na entrevista coletiva concedida na terça-feira.
O paciente tentou buscar cuidados médicos no dia 26, mas foi mandado para casa. Depois, voltou de ambulância para o Hospital Presbiteriano do Texas em 28 de setembro, quando foi posto em estrito isolamento.
O chefe do Instituto Nacional para Alergias e Doenças Infecciosas, Anthony Fauci, disse, porém, que o homem deveria ter sido identificado como um caso suspeito de ebola já a partir do dia 26.
"Se o médico tivesse perguntado seu histórico de viagem e se viajou recentemente para fora do país; e se a pessoa tivesse dito 'acabei de voltar da Libéria', isso teria sido uma grande bandeira vermelha para qualquer um, em vista da publicidade que temos", declarou Fauci à emissora CNN.
"Como isso é realmente uma questão, é preciso garantir que os médicos estejam a par de que temos esse problema, de que há uma epidemia na África Ocidental e que as pessoas estarão vindo para os Estados Unidos sem os sintomas", acrescentou.
O período de incubação do ebola oscila entre 2 e 21 dias. Os pacientes não transmitem a doença até começarem a apresentar sintomas, como febre, dores, vômitos e diarreia.
Nesta quarta-feira, o governador do Texas, Rick Perry, afirmou que o homem diagnosticado tinha entrado em contato com jovens, que agora estão sob vigilância de especialistas.
"Hoje soubemos que se identificou que algumas crianças em idade escolar estiveram em contato com o paciente. Agora, estão controladas em suas casas para conter qualquer sintoma da doença", disse Perry em coletiva de imprensa.
Risco zero, dizem as autoridades
Acredita-se que o homem tenha sido infectado na África Ocidental, onde mais de 3.000 pessoas morreram desde o começo do ano, devido ao maior surto de ebola já detectado desde a descoberta da doença, em 1976.
Frieden garantiu haver "risco zero" de que o paciente tenha infectado outras pessoas no avião, mas que um "punhado" de pessoas poderia ter sido exposto ao vírus, enquanto ele adoeceu no Texas.
Esses contatos serão rastreados e controlados durante três semanas para ver se apresentarão os sintomas de ebola.
Ao anunciar o primeiro caso diagnosticado de ebola nos Estados Unidos, Frieden destacou que o país está preparado e que será capaz de evitar que o vírus mortal se espalhe.
No entanto, o professor de Medicina Jesse Goodman, do Centro Médico da Universidade Georgetown, afirmou que as primeiras medidas demonstram que o sistema médico americano não está preparado para uma expansão do ebola a partir da África Ocidental.
"Enquanto grande parte da resposta até o momento parece exemplar, não sabemos porque a doença não foi reconhecida quando o homem buscou assistência médica", comentou Goodman.
"Não sabemos se seu histórico de viagem, uma das ferramentas de diagnóstico mais básicas, mas importantes, foi obtido e considerado então", acrescentou.
Enquanto especialistas em saúde dizem que o público não deveria entrar em pânico, já que o ebola não é transmitido pelo ar, apenas por contato direto com os fluidos de uma pessoa infectada, o pessoal médico deve estar alerta para mais casos de ebola em solo americano.
Atualmente, não existe nenhum medicamento ou vacina homologados contra o ebola.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) advertiu que a epidemia está tendo um crescimento "explosivo" e pode, na falta de recursos significativos para combatê-la, contaminar 20 mil pessoas até novembro.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)