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Síria tem novo banho de sangue e impõe obstáculos a observadores

Maioria das mortes aconteceu em Homs; autoridades entregaram aos moradores oito corpos com sinais de torturas, seis deles pertencentes a membros de uma mesma família

Forças de segurança abriram fogo contra uma manifestação em Homs, onde também estava um grupo de observadores (YouTube/AFP)

Forças de segurança abriram fogo contra uma manifestação em Homs, onde também estava um grupo de observadores (YouTube/AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2012 às 17h43.

Cairo - O regime de Damasco, na Síria, provocou nesta segunda-feira um novo derramamento de sangue e, segundo os opositores sírios, tentou ocultar a realidade da missão de observadores árabes, que será reforçada com mais integrantes no final desta semana.

Apenas no dia de hoje foram contabilizados 20 mortos, entre eles três soldados desertores, duas mulheres e um menor, que se somam às mais de cinco mil mortes dos dez meses de revolta contra o presidente sírio, Bashar al Assad.

Os opositores Comitês de Coordenação Local (CCL) informaram que a maioria das mortes foram registradas no bastião opositor de Homs, no centro do país.

Nesta cidade, alvo de grande repressão há meses, as autoridades entregaram aos moradores oito corpos com sinais de torturas, seis deles pertencentes a membros de uma mesma família.

Também em Homs, no bairro de Al Jalidiya, onde se encontrava um grupo de observadores, as forças de segurança abriram fogo contra uma manifestação, embora não esteja claro se a equipe de analistas árabes presenciou o ataque.

Em relação a esta missão da Liga Árabe, os grupos opositores denunciaram novos impedimentos impostos pelo regime aos observadores, cujo primeiro relatório apresentado ontem constatou que a violência continua no país e que o Exército sírio mantém sua presença nos centros urbanos.

Os CCL indicaram que em Damasco as forças de segurança guiaram os observadores ao bairro de Assad, onde a maioria dos habitantes são oficiais, e organizaram uma manifestação a favor do regime do presidente sírio.

Na mesma linha, na localidade de Quriya, na província oriental de Deir ez Zor, o Exército escondeu seus tanques e demais veículos nas garagens da Prefeitura antes da chegada da delegação árabe.

O grupo de contato para a Síria da Liga Árabe, liderado pelo Catar, decidiu ontem dar mais tempo à missão para que complete seu trabalho, além de aumentar o número de efetivos e a ajuda à delegação.


O presidente da Sala de Operações dos observadores, estabelecida no Cairo, Adnan al Jodeir, explicou hoje aos jornalistas que no final desta semana o número de observadores desdobrados na Síria subirá para 200.

Desde o início da missão da Liga Árabe, no último dia 22 de dezembro, o aumento de observadores foi gradual e atualmente a delegação é composta por 165 analistas.

Este progressivo aumento do número de observadores permitiu à delegação, segundo Jodeir, visitar mais áreas como Aleppo, Dir Zur e Qameshli.

Os observadores continuarão na Síria até o próximo dia 19, data na qual entregarão um novo relatório sobre a situação no país que será estudado pelo grupo de contato da Liga Árabe.

Além de sua missão no terreno, a organização pan-árabe também trabalha para que os principais grupos opositores sírios resolvam suas diferenças.

Para isso, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Arabi, se reuniu hoje com membros da opositora Instância de Coordenação Nacional (ICN) na capital egípcia.

Arabi pediu unidade aos diferentes grupos e destacou a importância de chegarem a um acordo para que possam realizar uma conferência na qual participem todos os opositores sírios, inclusive o ICN e o Conselho Nacional Sírio (CNS).

No entanto, estes grupos diferem em aspectos substanciais como uma possível intervenção armada estrangeira, a aposta exclusiva em vias pacíficas e a organização das forças opositoras, o que levantou um muro que complica a unidade de ação. 

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