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Síria saúda aproximação EUA-Rússia e aceita investigação

O Ministério das Relações Exteriores do país disse que "confia que a posição russa, baseada na Carta da ONU e no Direito Internacional, não mudará"


	John Kerry se encontra com o presidente russo, Vladimir Putin: um acordo entre EUA e Rússia quer incitar o regime sírio e os rebeldes a encontrar uma solução política para o conflito.
 (AFP)

John Kerry se encontra com o presidente russo, Vladimir Putin: um acordo entre EUA e Rússia quer incitar o regime sírio e os rebeldes a encontrar uma solução política para o conflito. (AFP)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2013 às 15h31.

Damasco - Damasco saudou nesta quinta-feira o acordo entre Estados Unidos e Rússia para incitar o regime sírio e os rebeldes a encontrar uma solução política para o conflito, e disse estar disposta a receber investigadores de armas químicas da ONU.

"A Síria se alegra com a aproximação entre Rússia e Estados Unidos", indicou o Ministério das Relações Exteriores sírio depois que os dois países chagaram a um acordo terça-feira na capital russa. Moscou e Washington também propuseram organizar o mais rápido possível uma conferência internacional sobre a Síria.

O Ministério das Relações Exteriores do país disse que "confia que a posição russa, baseada na Carta da ONU e no Direito Internacional, não mudará".

"Apenas o povo sírio decidirá seu futuro e (qual será) o sistema constitucional de seu país, sem nenhuma interferência estrangeira, principalmente porque o governo sírio avançou em direção à aplicação do programa político proposto pelo presidente" Assad, acrescentou o ministério.

O governo sírio também anunciou que está disposto a receber imediatamente a comissão de investigação da ONU sobre armas químicas, informou o vice-ministro sírio das Relações Exteriores em uma entrevista exclusiva à AFP.

"Estávamos dispostos e continuamos dispostos agora, neste mesmo momento, a receber a delegação tal como foi estabelecida por (secretário-geral da ONU) Ban Ki-moon para investigar o ocorrido em Khan al-Assal", declarou Faisal Moqdad.


Enquanto isso, o secretário americano de Estado, John Kerry, voltou a ressaltar nesta quinta-feira em Roma que Assad não poderá fazer parte de um futuro governo de transição, razão pela qual deve abandonar seu cargo.

Já a Coalizão Nacional Síria, da oposição, já havia declarado na quarta-feira que qualquer solução política para o conflito deveria começar com a renúncia de Assad.

Com relação aos dois ataques lançados por Israel na última semana, a Síria alertou que "responderá imediatamente" a qualquer nova ofensiva.

"Nossas represálias serão fortes e dolorosas", assegurou Muqdad.

Fontes israelenses disseram que os ataques tiveram como alvo as armas destinadas ao grupo xiita libanês Hezbollah, um aliado de Damasco.

Muqdad desmentiu isso. "Eles não atingiram o seu alvo e mentem quando dizem que este alvo era o Hezbollah", disse, acrescentando que "de maneira nenhuma a Síria deixará que isso ocorra outra vez".

Em Roma, Kerry também advertiu que o envio de sofisticados mísseis antiaéreos russos à Síria seria potencialmente desestabilizador para a região. O Wall Street Journal indicou que Moscou está muito perto de vender a Damasco uma série de baterias antiaéreas e mísseis. Autoridades israelenses estimam que a entrega será realizada em 90 dias, sustenta a publicação.


Além disso, Kerry confirmou oficialmente o desbloqueio de 100 milhões de dólares adicionais de ajuda humanitária para os refugiados, dos quais a metade servirá para ajudar a Jordânia a enfrentar o fluxo de sírios que fogem do conflito.

A cada dia, cerca de 2.000 pessoas cruzam a fronteira entre Síria e Jordânia fugindo dos combates. A Jordânia acolhe cerca de 525 mil refugiados, disse o ministro jordaniano das Relações Exteriores.

Neste contexto, a Turquia confirmou que havia feito testes sanguíneos em refugiados sírios feridos nos combates de seu país para determinar se tinham sido vítimas de armas químicas e que os resultados serão publicados assim que estiverem disponíveis.

Na Síria, o Exército reconquistou uma localidade na zona de Qouseir e forças leais ao regime de Assad, apoiadas pelo Hezbollah, seguiam lutando contra combatentes rebeldes em populações próximas, indicaram diversas fontes.

A Síria "dará tudo ao Hezbollah" xiita libanês em agradecimento por seu apoio e seguirá seu modelo de resistência contra Israel, afirmou nesta quinta-feira o jornal libanês Al-Akhbar, citando o presidente sírio Bashar al-Assad.

Qouseir, localizada na estrada que une Homs (centro) ao litoral sírio, perto da fronteira libanesa, é considerada uma região estratégica.

A frente islamita radical Al-Nosra, na linha de frente no combate contra o regime sírio, desmentiu nesta quinta-feira que seu chefe em Damasco, Abu Mohamed Al-Youlani, esteja ferido, como havia anunciado o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), órgão opositor com sede na Grã-Bretanha.

Em abril, o chefe da Frente Al-Nosra anunciou sua lealdade ao líder da Al-Qaeda, Ayman Al-Zawahiri.

A Al-Nosra, classificada como organização terrorista por Washington, se tornou conhecida na Síria com uma série de atentados suicidas.

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