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Síria lança ofensiva midiática exibindo vala comum

Capital do país, Damasco é palco de uma grande manifestação em defesa do governo de Bashar al-Assad

Manifestantes carregaram uma bandeira gigante de 2.300 metros nno bairro residencial de Mazeh (AFP)

Manifestantes carregaram uma bandeira gigante de 2.300 metros nno bairro residencial de Mazeh (AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de junho de 2011 às 14h23.

Jisr Al Choughour - As autoridades sírias lançaram nesta quarta-feira uma ofensiva midiática com a apresentação à imprensa de uma segunda vala comum na cidade de Khisr al-Shoghour, no noroeste, e com a organização de uma grande manifestação pró-governo em Damasco.

Três meses após o início da onda de contestação, no momento em que a pressão aumenta ainda mais sobre Bashar al-Assad, milhares de manifestantes se reuniram nesta quarta-feira na via que liga o bairro de Mazzeh, subúrbio residencial do oeste da capital, ao centro de Damasco, em torno da "maior bandeira síria" colocada no chão e de 2.300 metros comprimento.

Vários manifestantes agitavam bandeiras sírias e exibiam imagens do presidente, em um ambiente de festa com cantos patrióticos, segundo imagens da televisão.

"Com a nossa alma e o nosso sangue, nós nos sacrificamos por tu Bashar" ou "Deus, a Síria, Bashar", bradavam outros.

Ao mesmo tempo, Damasco organizou uma viagem de imprensa guiada à cidade de Khisr al-Shoghour, abandonada por seus 50.000 moradores e retomada no domingo pelo Exército durante uma ofensiva lançada três dias antes.

As autoridades apresentaram aos jornalistas, incluindo da AFP, cinco corpos colocados ao lado daquilo que foi apresentado como uma "segunda fossa comum" descoberta no domingo.

"Alguns estão desfigurados, corpos tiveram membros cortados e os crânios foram quebrados", declarou aos jornalistas o médico legista Zaher Hajo. "Está claro que foram torturados antes de serem mortos", afirmou, considerando que teriam sido mortos há cerca de dez dias.

Um indivíduo, em poder dos soldados, foi apresentado como "um homem armado que participou do massacre do QG das forças de segurança", no dia 6 de junho.

Diante da imprensa, este último disse que esses homens "tinham sido mortos por homens armados durante o massacre", que, segundo as autoridades, deixou 120 policiais mortos. Uma versão contestada por opositores, desertores e refugiados, que falaram muito de uma revolta.

Enquanto isso, o regime sírio continua a impedir a entrada em seu território das equipes humanitárias, como exigem os ocidentais.


Frente a isso, especialistas do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos chegaram à província turca de Hatay (sul), para onde fugiram milhares de refugiados sírios, para "investigar os abusos" na Síria, segundo um membro da missão.

Mais de 8.500 sírios receberam asilo na Turquia, aos quais se unem a outros 5.000 refugiados no Líbano. Depois que cruzam a fronteira turca, eles são levados para campos montados pelo Crescente Vermelho.

Ancara continua também a ser a primeira linha da frente diplomática. Um emissário do presidente Bashar al-Assad deve ser recebido nesta quarta-feira pelo primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan.

Este já conversou por telefone na terça-feira com Assad e o exortou a estabelecer com urgência um calendário de reformas e a pôr fim à repressão que custou a vida de 1.200 pessoas e levou à prisão de cerca de 10.000, segundo ONGs e a ONU.

A França continua a tentar convencer os outros 14 membros do Conselho de Segurança da ONU com o objetivo de obter uma maioria de 11 votos para votar um projeto de resolução condenando a repressão, iniciativa que enfrenta a oposição ferrenha de Rússia e China.


O Exército manteve, apesar disso, sua repressão na região de Idleb, 330 km ao norte de Damasco, principalmente em Ariha e Maaret al-Nomaan, nas imediações de Khisr al-Shoughour, segundo um militante dos Direitos Humanos.

Segundo testemunhas, o Exército impede a população de deixar Idleb, atirando naqueles que tentam enganar os soldados dos postos de controle.

Segundo a imprensa oficial, o Exército persegue "grupos armados" em torno de Khisr al-Shoughour e o governo "pede às pessoas que voltem as suas aldeias".

"Os grupos armados aterrorizam os habitantes de Maaret al-Nomaan como vinham fazendo em Khisr al-Shoughour", indica a agência Sana.

Segundo a jornalista da AFP presente em Khisr al-Shoughour, alguns tanques e veículos de transporte de tropas estavam posicionados nas imediações da cidade.

Edifícios oficiais registraram princípios de incêndio, principalmente o Palácio da Justiça e o QG das forças de segurança. As lojas estavam fechadas.

A mobilização do Exército não impedia, entretanto, que os opositores continuassem a protestar: dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Hama (centro), segundo um militante dos Direitos Humanos.

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