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Síria ameaça responder ataques de Israel

A ONU e a Rússia advertiram para o perigo de uma escalada regional após os ataques aéreos israelenses contra posições militares sírias


	Em um primeiro registro do ataque de domingo, uma ONG indicou ao menos 42 soldados sírios mortos e uma centena de desaparecidos
 (REUTERS/Ali Hashisho/Reuters)

Em um primeiro registro do ataque de domingo, uma ONG indicou ao menos 42 soldados sírios mortos e uma centena de desaparecidos (REUTERS/Ali Hashisho/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2013 às 19h07.

O regime sírio afirmou nesta segunda-feira que escolherá o momento certo para responder aos ataques israelenses contra seu território, que deixaram 42 mortos e provocaram temores de um conflito regional.

A ONU e a Rússia, um dos poucos aliados do presidente sírio Bashar al-Assad, advertiram para o perigo de uma escalada regional após os ataques aéreos israelenses contra posições militares sírias na sexta-feira e no domingo perto de Damasco. A situação ficou ainda mais tensa após as promessas de apoio ao regime feitas pelo Irã e pelo Hezbollah libanês, as outras duas grandes bases de apoio do regime sírio.

Essas preocupações estarão no centro de uma reunião que deve ser realizada na terça entre o secretário de Estado americano, John Kerry, e o presidente Vladimir Putin em Moscou.

Outra fonte de preocupação é o suposto uso de armas químicas.

No entanto, a comissão de investigação internacional independente sobre a Síria, patrocinada pela ONU, afirmou nesta segunda-feira, em um comunicado, que "não alcançou os resultados que lhe permitam concluir que foram utilizadas armas químicas pelas partes em conflito".

"Consequentemente e até o momento, a Comissão não está em posição de comentar estas alegações", acrescenta a comissão neste comunicado, que aparentemente refuta as declarações à imprensa de um de seus membros, a promotora suíça Carla del Ponte, que falou sobre a utilização de gás sarin pelos rebeldes.

Carla del Ponte - que em seus mandatos anteriores, sobretudo quando era promotora do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII), se destacou por suas declarações radicais à imprensa - havia afirmado no domingo à noite, em italiano diante das câmeras da televisão pública suíça de Tesino, que havia visto um relatório "sobre testemunhos obtidos relativos à utilização de armas químicas, em particular gás sarin, pelos opositores, e não pelo governo".


Falou de "fortes suspeitas, de suspeitas concretas" e considerou que não é surpreendente que os rebeldes tenham utilizado gás sarin, "já que há combatentes estrangeiros que se infiltraram entre os opositores".

Em um primeiro registro do ataque de domingo, uma ONG indicou ao menos 42 soldados sírios mortos e uma centena de desaparecidos.

"A Síria responderá à agressão israelense, mas escolherá o momento de fazê-lo. Isto talvez não ocorra imediatamente, já que Israel está em estado de alerta", disse à AFP nesta segunda-feira um líder político sírio ligado ao poder, contatado por telefone. Ele concluiu: "Vamos esperar, mas responderemos".

Para Damasco, estas agressões abrem a porta para todas as opções e fazem com que a situação na região seja mais perigosa. A televisão síria advertiu que "os mísseis sírios estão preparados para atacar alvos precisos em caso de violação".

Diante do temor de eventuais represálias, Israel anunciou a mobilização de duas baterias antimísseis no norte do país, ordenou o fechamento do espaço aéreo nesta zona até a noite desta segunda-feira e reforçou as medidas de segurança em suas embaixadas em todo o mundo.

Um alto funcionário israelense afirmou que os ataques tiveram como alvo um depósito de munições iranianas destinadas ao Hezbollah, movimento xiita libanês, protegido do Irã e aliado do regime de Bashar al-Assad.

No entanto, Teerã desmentiu que existissem armas iranianas nos alvos bombardeados por Israel, e ameaçou Israel com "acontecimentos graves na região dos quais nem os Estados Unidos nem Israel sairão vencedores".

No dia 30 de abril, o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, afirmou que seu movimento e o Irã não permitirão a queda de Assad.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que "todas as partes tenham o máximo de calma e moderação".


Moscou considerou que os ataques israelenses podem provocar uma escalada, com o risco de que surjam focos de tensão nos países vizinhos, em particular no Líbano.

Segundo o Kremlin, o presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que está na China. Ele deve se reunir na terça com o chefe da diplomacia americana.

O primeiro-ministro russo, Serguei Lavrov, telefonou para o seu colega sírio, Walid Moualem. De acordo com a agência oficial síria Sana, Lavrov expressou sua preocupação com "acontecimentos fora do controle".

A China, aliada do regime de Damasco, se juntou às críticas.

A União Europeia também manifestou seu temor de que o conflito se propague, e pediu para que "a estabilidade da região, que já é precária, não seja colocada em perigo".

Desde o início do conflito interno sírio, em março de 2011, Israel efetuou três ataques contra alvos perto de Damasco, no dia 30 de janeiro e nos dias 3 e 5 de maio.

Mais de 70.000 pessoas morreram na Síria desde o início da revolta, que se transformou em uma guerra civil devido à brutal repressão realizada pelo regime de Assad.

As informações desencontradas imperam sobre o uso de armas químicas.

Washington afirmou não ter informações sobre o uso de armas químicas pelos rebeldes, enquanto o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, assegurou não ter informações sobre quem recorreu ao uso de armas químicas.

A oposição síria, Israel e países ocidentais haviam acusado o regime de utilizar esse tipo de armamento.

Nesta segunda, a Coalizão opositora afirmou que tomará as medidas cabíveis se for provado que rebeldes utilizaram armas químicas, se dizendo-se convencida de que apenas o regime possui esse tipo de armamento.

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