Fumaça na cidade de Kobani: forças lideradas pelos Estados Unidos têm bombardeado alvos do Estado Islâmico na Síria e no Iraque (Murad Sezer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2014 às 17h53.
Beirute/Genebra - O Ministério das Relações Exteriores da Síria acusou a Turquia de um "ato de agressão" nesta sexta-feira e alertou para suas consequências graves depois que Ancara autorizou incursões transfronteiriças para combater os militantes que avançam na região.
Na quinta-feira, o Parlamento da Turquia deu ao governo o poder de ordenar as investidas contra os combatentes do Estado Islâmico, que cercaram a cidade curda de Kobani, na Síria, e de permitir que as forças lideradas pelos Estados Unidos lancem operações de ataque semelhantes a partir do território turco.
"A abordagem explícita do governo turco constitui uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas", escreveu o ministério sírio à Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com a agência estatal de notícias Sana, que afirmou que a pasta descreveu a decisão como um "ato de agressão".
"A Turquia não estará a salvo das consequências catastróficas" desta política, relatou a televisão estatal síria, segundo a qual o vice-ministro das Relações Exteriores, Faisal Mekdad, teria descrito a medida como uma ameaça à paz e à segurança.
O enviado da Síria à ONU em Genebra, Hussam Eddin Aala, declarou à Reuters que a Turquia quer intervir em seu país porque está financiando militantes islâmicos, inclusive o Estado Islâmico, o que os turcos negam. Ele também criticou os pedidos turcos por uma zona de exclusão aérea no norte sírio para proteger os refugiados.
"A Turquia não é o único país dando apoio ao terrorismo, mas esse pedido é para encobrir sua intervenção na Síria e o apoio que estão dando aos terroristas", disse Aala à Reuters em uma entrevista.
“A questão é como os combatentes estrangeiros lutando com o Estado Islâmico, a Frente Al-Nusra, o Frente Islâmica e outras organizações terroristas, como todos eles ou a maioria deles vieram pela Turquia, e o resto pela Jordânia?”, indagou.