Mundo

Sindicatos ameaçam parar França em março contra reforma da Previdência  

O objetivo é fazer o governo recuar em sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030

As manifestações de 31 de janeiro — com entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas — foram as maiores contra a reforma social na França em três décadas (AFP/AFP)

As manifestações de 31 de janeiro — com entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas — foram as maiores contra a reforma social na França em três décadas (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 11 de fevereiro de 2023 às 13h52.

Os sindicatos ameaçaram, neste sábado (11), "paralisar" a França em março, se o presidente Emmanuel Macron não ouvir a rejeição da maioria da população à sua reforma previdenciária, em meio a um dia de novas manifestações multitudinárias.

"Se, apesar de tudo, o governo e os legisladores ainda continuam sem ouvir a rejeição popular, a intersindical vai convocar (...) a paralisação de todos os setores na França, em 7 de março", disse o líder da central FO, Frédéric Souillot.

O objetivo é fazer o governo recuar em sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuir com 43 anos (e não 42, como agora) para receber a pensão integral.

A maioria dos franceses — dois em cada três, segundo as pesquisas — se opõe à reforma, com a qual o governo busca aproximar a idade de aposentadoria da de seus vizinhos da Europa e evitar um déficit futuro no caixa da Previdência.

"Custo a acreditar que o governo não vai ouvir esta importante rejeição" à sua reforma, aplicada em um "contexto difícil", de inflação para a população, disse à AFP Gaëlle Leroy-Careto, durante a marcha realizada em Paris em um clima festivo.

Diante de um presidente determinado a aprovar a reforma, os sindicatos se encontram em uma encruzilhada: endurecer os protestos e tentar paralisar o país, ou continuar convocando grandes manifestações pacíficas que até agora não deram resultado?

As manifestações de 31 de janeiro — com entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas — foram as maiores contra a reforma social na França em três décadas, mas o governo não recuou. Neste sábado, a polícia espera entre 600 mil e 800 mil pessoas.

Nesse contexto, tudo parece caminhar aponta para um endurecimento dos protestos a partir de 6 de março, quando terminam as férias escolares de inverno na França. O sindicato CGT já falou em uma greve prorrogável a partir de 7 de março, dia de greve geral.

Ontem, Macron pediu "responsabilidade" aos sindicatos para não bloquearem o país e disse querer que o debate seja no Parlamento, porque "é assim que a democracia deve funcionar".

A tensão também é máxima na Assembleia Nacional (Câmara dos Deputados) entre a oposição de esquerda Nupes e a aliança de Macron, que não tem maioria absoluta e espera contar com o apoio da oposição de direita Os Republicanos (LR) para sua reforma.

O presidente tem, no entanto, uma carta na manga.

O método parlamentar escolhido para a reforma permite que ela seja aplicada a partir do final de março, se as duas Casas do Parlamento (Assembleia e Senado) não chegarem a votá-la. em meio às milhares de emendas apresentadas.

"Qualquer que seja o resultado dessa reforma, não há dúvida de que o Executivo sairá enfraquecido na opinião pública, e não está nada claro que as oposições (especialmente a Nupes) sairão reforçadas", considerou a empresa de pesquisas Odoxa na quinta-feira (9).

Os sindicatos temem que a adoção da medida gere um “desespero social” que beneficie a extrema direita nas urnas. Contrária à reforma, a política de extrema direita Marine Le Pen já disputou o segundo turno contra Macron em 2017 e 2022.

Acompanhe tudo sobre:Emmanuel MacronFrançaGrevesReforma da Previdência

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'