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Sindicato automotivo dos EUA justifica greve por aumento salarial de presidentes das montadoras

Shaw Fain explicou trabalhadores do setor tiveram aumento de apenas 6% desde o seu último reajuste, em 2019

Ford: cerca de 12 mil trabalhadores de três empresas aderiram à greve (Bill Pugliano/Getty Images)

Ford: cerca de 12 mil trabalhadores de três empresas aderiram à greve (Bill Pugliano/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de setembro de 2023 às 16h43.

O principal argumento para o sindicato americano United Auto Workers - UAW (Trabalhadores Automotivos Unidos, em português) para justificar a greve que se iniciou na sexta-feira, 15, é: se os fabricantes de automóveis de Detroit aumentassem o salário dos presidentes em 40% nos últimos quatro anos, os trabalhadores deveriam receber aumentos semelhantes.

O presidente do sindicato, Shaw Fain, citou o número para comparar ao aumento de 6% que os trabalhadores do setor automotivo receberam desde o seu último reajuste, em 2019. O representante do UAW abriu a negociação com a exigência de um incremento na remuneração semelhante a de 40% ao longo de quatro anos, juntamente com o retorno de pensões e aumento do custo de vida.

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De lá para cá, o UAW reduziu as exigências para um aumento salarial de 36%, mas os dois lados permanecem distantes nas negociações contratuais, o que desencadeou na greve que atinge os Estados Unidos das montadoras General Motors, Ford e Stellantis.

O foco de Fain na remuneração dos presidentes faz parte de uma tendência crescente de sindicatos americanos, que citam a disparidade de riqueza entre os trabalhadores e os patrões para reforçar a procura de melhores salários e condições de trabalho.

"A razão pela qual pedimos aumentos salariais de 40% é porque só nos últimos quatro anos, o ganho dos presidentes aumentou 40%. Eles já são milionários", disse Fain ao Face the Nation da CBS neste domingo.

Remuneração

Os salários dos presidentes aumentaram durante décadas, enquanto os salários dos trabalhadores comuns diminuíram. Mas será que os três grandes executivos conseguiram realmente aumentos de 40%? Não exatamente.

"Não sei de onde vieram os 40%", disse a presidente da General Motors, Mary Barra, em uma nova conferência, quando questionada se os números do UAW eram precisos.

A remuneração dos executivos é notoriamente complicada de calcular porque grande parte dela vem na forma de concessões de ações. Uma análise detalhada dos pacotes de remuneração das três empresas mostra como a afirmação do UAW exagera e subestima a realidade, dependendo da visão.

Mary Barra, a única das três que ocupava o cargo desde 2019, é a mais bem paga, com um pacote de remuneração no valor de US$ 28 98 milhões em 2022. Seu salário aumentou 34% desde 2019, de acordo com dados de registros públicos analisados pela consultoria Equilar.

O presidente da Ford, James Farley, recebeu quase US$ 21 milhões em remuneração total em 2022, com aumento de 21% em relação aos US$ 17,4 milhões que o então presidente Jim Hackett recebeu em 2019, de acordo com as declarações de procuração da empresa.

Onde a comparação se complica é na Stellantis, que foi formada em 2021 com a fusão do conglomerado ítalo-americano Fiat Chrysler Automobiles e do grupo francês PSA. Por ser uma empresa europeia, a forma como a Stellantis divulga a remuneração dos executivos difere significativamente da GM e da Ford.

Em seu relatório anual de remunerações, a Stellantis informou que a remuneração do presidente Carlos Tavares em 2022 foi de € 23,46 milhões de euros, com aumento de quase 77% em relação ao salário do então presidente da Fiat Chrysler, Mike Manley, em 2019.

Estes são os números utilizados pelo UAW quando calculou que três fabricantes de automóveis aumentaram, coletivamente, os salários dos presidentes em 40,1% desde 2019, de acordo com a metodologia do sindicato.

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