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Simpatizantes de Mubarak cercam hotel dos jornalistas estrangeiros

Manifestantes pró-regime chegaram ao Ramsés Hilton atrás de correspondentes estrangeiros hospedados

Garçom de restaurante no Ramsés Hilton observa ao caos nas ruas abaixo (John Moore/Getty Images)

Garçom de restaurante no Ramsés Hilton observa ao caos nas ruas abaixo (John Moore/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 14h12.

Cairo - Simpatizantes do presidente egípcio, Hosni Mubarak, cercaram nesta quinta-feira o hotel Ramsés Hilton, no centro do Cairo, à procura dos correspondentes estrangeiros hospedados no local, segundo várias testemunhas.

Dois jornalistas espanhóis que estão no hotel relataram a situação à Agência Efe, e a rede de televisão "Al Jazeera" anunciou que grupos de pistoleiros entraram no prédio, o que não foi confirmado pela direção do estabelecimento.

Fontes da embaixada espanhola no Cairo confirmaram que ao menos quatro jornalistas do país foram detidos nesta quinta-feira, mas dois deles ficaram livres após várias horas, enquanto se desconhece o paradeiro dos outros dois.

Além disso, nesta quinta-feira foram informados sobre ataques a jornalistas estrangeiros nos arredores da praça Tahrir, epicentro das manifestações contra o regime de Mubarak.

Seis correspondentes da "Al Jazeera" foram detidos na segunda por algumas horas. Todos foram libertados, porém os equipamentos foram apreendidos e o escritório dos correspondentes no Cairo segue ocupado pelas autoridades.

Os jornalistas estrangeiros envolvidos na cobertura no Cairo denunciaram nesta quinta-feira um agravamento das condições de trabalho pela deterioração geral das condições de segurança.

A partir do hotel Ramsés, a enviada especial da rede "Cope" Beatriz Mesa disse à Agência Efe por telefone que "ninguém pode colocar um pé na rua".

"As patrulhas civis que antes preservavam a segurança são as que interceptam os jornalistas sistematicamente em frente ao hotel" e não deixam sair, acrescentou.


Mesa explicou que esta manhã as ruas estavam repletas de brigadas civis que detinham carros, principalmente, táxis, e que em algumas ocasiões, se os ocupantes eram jornalistas, os mesmos eram levados para delegacias de Polícia.

"Eu fui levada duas vezes à delegacia - assinalou Mesa -. A primeira, em frente ao hotel, fui parada por um grupo de jovens à paisana que me levaram a uma delegacia e depois eu seguia em um táxi, fui parada novamente e levada à delegacia, para ser libertada pouco depois.

Mesa queixou-se que na delegacia abriram sua bolsa e retiraram a câmera, o bloco de anotações e o telefone celular.

Contou ainda que no hotel os funcionários foram instruídos a não prolongar as reservas dos jornalistas hospedados.

O enviado especial do jornal "Estado de São Paulo", Jamil Chade, repetiu o mesmo relato, dizendo que em seu hotel foi informado que a partir de sexta-feira nenhuma reserva sua será renovada e as existentes serão anuladas.

Além disso, "na véspera meu quarto foi invadido por seis policiais à paisana para efetuar registro e ver nosso material" e já não é permitido filmar dentro do hotel.

Fora do hotel, Chade e outros dois jornalistas brasileiros tentaram pegar um táxi, "mas debaixo da ponte 6 de outubro havia três militares e cinco agentes da Polícia secreta que nos pediram os passaportes e nos revisaram as malas".

"Quando viram as câmeras fotográficas, olharam se havia imagens e ao ver que eram das manifestações nos tiraram os cartões de memória", lembrou Chade.

Um dos colegas teve a fita da gravação que continha uma entrevista de um manifestante.

Chade revelou que "há muitas dificuldades, que é complicado comprovar qualquer informação e fazer um jornalismo objetivo" e apontou que tem intenção de transferir-se para outro hotel em uma região próxima ao aeroporto.

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