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Silêncio no Paquistão em aniversário da morte de Bin Laden

Após o exército americano assassinar o líder da Al Qaeda, o Paquistão amanheceu em estado de choque pelos EUA terem violado sua soberania


	Osama: após o exército americano assassinar o líder da Al Qaeda, o Paquistão amanheceu em estado de choque pelos EUA terem violado sua soberania
 (AFP)

Osama: após o exército americano assassinar o líder da Al Qaeda, o Paquistão amanheceu em estado de choque pelos EUA terem violado sua soberania (AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2016 às 09h56.

Islamabad - As autoridades paquistanesas passaram batido nesta segunda-feira pelo quinto aniversário da morte de Osama bin Laden, morto pelo exército americano, que violou a soberania territorial do Paquistão, em um dos episódios mais polêmicos e humilhantes da história do país.

Em 2 de maio de 2011 de madrugada, 23 Navy Seals, a tropa de elite da marinha dos Estados Unidos, entraram em solo paquistanês desde o Afeganistão em dois helicópteros para matar o terrorista mais procurado do mundo, em uma operação que também deixou mortos dois guarda-costas do saudita, a mulher de um deles e um dos filhos do líder da Al Qaeda.

A missão, que teve 38 minutos de duração, foi realizada sem o conhecimento das autoridades civis e militares do Paquistão, de acordo com a versão oficial de Islamabad e de Washington.

O Paquistão amanheceu então em estado de choque, não pelo fato de o líder da Al Qaeda viver junto com sua numerosa família na cidade militar de Abbottabad, mas porque os EUA violaram sua soberania.

Cinco anos mais tarde, as autoridades paquistanesas não fizeram nenhuma referência ao aniversário da morte de Bin Laden.

O primeiro-ministro, Nawaz Sharif, inaugurou hoje um programa de seguros de saúde na cidade de Quetta, onde também deu o sinal verde a projetos de fornecimento de gás.

Já o presidente paquistanês, Mamnoon Hussain, participou do lançamento de um selo comemorativo em memória de um ativista da minoria cristã.

Outras autoridades governamentais participaram da entrega de ajudas econômicas a incapacitados e defenderam o governo de acusações de corrupção da oposição.

O todo-poderoso exército paquistanês, que governou o país por metade de sua história, também não reagiu à data.

A única referência aos Estados Unidos foi um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, que informou que o conselheiro especial em política estrangeira, Taqiq Fatemi, se reuniu em Islamabad com dois membros do Comitê de Assuntos das Relações Exteriores do Congresso americano.

"Fatemi ressaltou particularmente a falta de reconhecimento dos esforços que o Paquistão realiza de coração com a administração dos Estados Unidos para enfrentar a ameaça do terrorismo", disse a nota do Minstério paquistanês das Relações Exteriores.

Nos EUA, no entanto, a morte de Bin Laden, nove anos, sete meses e 22 dias depois dos atentados do 11 de setembro, foi bastante lembrada.

"Lembramos dessa noite, dos cântico de 'EUA' e 'CIA', do fim de um duro trabalho. Tínhamos destruído uma grande parte da Al Qaeda", disse hoje o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), John Brennan, em entrevista à emissora "Fox" para comentar a operação contra Bin Laden.

Já o presidente Barack Obama, em trechos divulgados de uma entrevista à "CNN", que será exibida hoje, que "nesse momento, (Bin Laden) entendeu que o povo americano não tinha esquecido que quase três mil pessoas foram assassinadas" em referência aos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, Washington e Pensilvânia.

A descoberta de que Bin Laden estava escondido em solo paquistanês, país aliado dos Estados Unidos na guerra contra o terror, e que recebeu US$ 20 bilhões em ajudas nos 10 anos anteriores, provocou uma das maiores crises entre os dois países.

OS EUA questionaram a lealdade de seu suposto aliado, e o Paquistão negou que estivesse dando refúgio ao terrorista.

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