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Shutdown: paralisação do governo dos EUA já é a mais longa da história

Paralisação recorde expõe impasse entre Trump e o Congresso e reacende debate sobre o uso do filibuster no Senado

Congresso: shutdown já dura 36 dias e é o mais longo da história  (Kayla Bartkowski/AFP)

Congresso: shutdown já dura 36 dias e é o mais longo da história (Kayla Bartkowski/AFP)

Publicado em 5 de novembro de 2025 às 06h06.

shutdown do governo dos Estados Unidos se tornou o mais logo da história do país nesta quarta-feira, 5. A paralisação já dura 36 dias consecutivos e já afeta milhões de americanos, que enfrentam cortes em serviços essenciais e atrasos no pagamento de salários a funcionários públicos.

A paralisação começou em 1º de outubro, após o Congresso não chegar a um acordo sobre o orçamento federal, com a saúde no centro do desacordo.

O bloqueio do Congresso reflete a disputa entre democratas e republicanos. Os democratas condicionam a aprovação do orçamento à renovação dos subsídios federais de saúde para famílias de baixa renda.

Já os republicanos acusam a oposição de usar o orçamento para forçar avanços em pautas paralelas. Enquanto isso, projetos de curto prazo para reabrir o governo já foram rejeitados mais de uma dúzia de vezes no Senado, apesar de aprovados anteriormente pela Câmara.

O líder republicano no Senado, John Thune, reconheceu que esta é a paralisação mais severa já registrada. Apesar da tensão, ele afirmou que seu “instinto” aponta para uma possível saída nos próximos dias.

Tráfego aéreo e alimentação ameaçados

Com milhares de funcionários sem pagamento, os impactos se espalham.

O secretário de Transportes, Sean Duffy, alertou que partes do espaço aéreo americano podem ser fechadas caso o impasse continue. Cerca de 13 mil controladores de tráfego aéreo estão trabalhando sem remuneração. “Se chegarmos à próxima semana, haverá caos nos aeroportos: atrasos em massa, voos cancelados e possível fechamento de áreas aéreas”, disse Duffy.

Programas de assistência alimentar também estão sob risco. Mais de 40 milhões de americanos dependem do Snap — equivalente ao Bolsa Família —, mas apenas parte do benefício foi paga este mês.

Inicialmente, o governo Trump se recusou a liberar os fundos, mesmo após decisão judicial. Posteriormente, a Casa Branca declarou que seguirá a ordem, embora o presidente tenha afirmado em rede social que “os benefícios só voltarão quando os democratas abrirem o governo”.

Senadores tentam acordo emergencial

Com o impasse nas lideranças, um grupo de senadores moderados, republicanos e democratas, articula uma proposta emergencial para destravar o orçamento. A ideia é aprovar um pacote limitado, focado em áreas com consenso, como agricultura, infraestrutura militar e programas sociais pontuais.

O objetivo é evitar o agravamento da crise até o feriado de Ação de Graças, em 27 de novembro.

A maior barreira continua sendo a renovação dos subsídios do Affordable Care Act, o Obamacare.

Com o fim das ajudas temporárias implementadas na pandemia, milhões de americanos têm enfrentado aumentos drásticos nos planos de saúde. Democratas querem manter os subsídios; republicanos exigem reformas em troca do financiamento. Thune prometeu votar o tema em data posterior, mas a oposição insiste em tratar o assunto agora.

Trump pressiona, mas enfrenta resistência no Senado

O presidente Donald Trump sugeriu eliminar a regra do filibuster (termo utilizado para designar a prática de criar obstáculos e empecilhos de maneira sistemática para retardar ou impedir a aprovação de uma lei em um parlamento), que exige 60 votos para aprovação de projetos no Senado, para forçar a reabertura do governo sem apoio democrata.

A proposta, no entanto, foi rejeitada por aliados republicanos. Thune e outros líderes afirmaram que a regra protege os direitos da minoria e evita abusos legislativos em futuros governos.

A expectativa é que um novo projeto seja apresentado nos próximos dias, já que o texto anterior, aprovado pela Câmara, previa o funcionamento do governo apenas até 21 de novembro. Agora, qualquer solução exigirá nova tramitação e o apoio das duas Casas do Congresso, além do aval da Casa Branca. Até lá, o país segue paralisado.

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