Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, faz reverência ao ministro de Relações Exteriores da Coreia do Sul, Yun Byung-se, na Casa Azul, em Seul (Paul J. Richards/Reuters)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2015 às 09h15.
Seul - O governo da Coreia do Sul negou nesta segunda-feira que haja um conflito de interesses em sua decisão de aderir ao novo banco chinês e ao mesmo tempo receber a instalação do escudo antimísseis americano THAAD.
"Receber as chamadas dos EUA e da China não é de modo algum uma dor de cabeça ou um dilema, mas mais uma bênção", afirmou em discurso em Seul o ministro das Relações Exteriores, Yun Byung-se, em relação ao suposto conflito de interesses das duas ações.
É a primeira vez que o Executivo sul-coreano se pronuncia oficialmente sobre o assunto já que até agora tinha mantido a estratégia de permanecer em silêncio para, segundo analistas, evitar atritos com os Estados Unidos, seu maior aliado histórico e militar, e com a China, seu principal parceiro econômico e comercial.
O conflito de interesses ente ambas as potências está relacionado principalmente à possível instalação na Coreia do Sul do escudo antimísseis americano THAAD, taxativamente rejeitado pela China, e a entrada no novo banco de investimentos AIIB, impulsionado por Pequim e que causa forte receio em Washington.
A Coreia do Sul confirmou na semana passada sua adesão ao AIIB como sócio-fundador em um gesto de afinidade com a China, o que fez muitos analistas apostarem que adotará o sistema de mísseis dos EUA para compensar.
O chanceler sul-coreano lamentou hoje em seu discurso que "alguns críticos locais interpretem a Coreia do Sul como um país que sofre os efeitos colaterais de uma briga entre as grandes potências".
No entanto, apontou que "a região da Ásia-Pacífico é suficientemente grande para acomodar uma China crescente e um Estados Unidos reequilibrado".
Washington tenta nesses dias convencer a Coreia do Sul da necessidade de adquirir seu sistema de intercepção de mísseis de grande altitude THAAD, avaliado em bilhões de euros, como meio mais eficaz para resistir à "importante ameaça" dos cada vez mais avançados mísseis da Coreia do Norte.
Pequim se opõe taxativamente ao THAAD, por considerá-lo uma ameaça para sua segurança, já que os potentes sistemas de radar seriam capazes de rastrear os movimentos de seu exército na parte oriental da China.