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Sérvios dedicam estátua a herói da Primeira Guerra Mundial

Monumento de bronze de dois metros de Gavrilo Princip foi inaugurado pelo membro sérvio da Presidência tripartite da Bósnia

Monumento de Gavrilo Princip inaugurado em Sarajevo (Dado Ruvic/Reuters)

Monumento de Gavrilo Princip inaugurado em Sarajevo (Dado Ruvic/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2014 às 18h58.

Sarajevo - Os servo-bósnios inauguraram nesta sexta-feira uma estátua do homem que matou o herdeiro do trono dos Habsburgo um século atrás, dando de ombros às comemorações oficiais da Bósnia do ato que deflagrou a Primeira Guerra Mundial.

O monumento de bronze de dois metros de Gavrilo Princip, inaugurado pelo membro sérvio da Presidência tripartite da Bósnia, destaca a divisão entre os servo-bósnios, bósnio-croatas e bósnio-muçulmanos em relação à sua visão do assassinato que funcionou como estopim da guerra.

O centenário acontece no sábado e será celebrado oficialmente em Sarajevo por um concerto da Filarmônica de Viena que líderes da Sérvia e servo-bósnios irão boicotar.

Os sérvios veem o assassino servo-bósnios de 19 anos como herói da libertação de todos os eslavos de séculos de ocupação imperial nos Bálcãs. Para outros, foi um terrorista nacionalista cujo disparo desencadeou quatro anos de matança e sofrimento em que mais de 10 milhões de soldados morreram e impérios desabaram.

As comemorações do centenário serão até certo ponto eclipsadas pelas feridas de uma guerra mais recente, quando cem mil pessoas, a maioria bósnio-muçulmanos, foram assassinadas entre 1992 e 1995 enquanto a Iugoslávia se desintegrava.

“Estes combatentes da liberdade de cem anos atrás nos deram um rumo para seguir para os cem anos seguintes”, disse Nebojsa Radmanovic, o servo-bósnio que compartilha a Presidência com um bósnio-croata e um bósnio-muçulmano, ao revelar a estátua no leste de Sarajevo, uma região sob controle dos servo-bósnios.

Cerca de mil pessoas, incluindo crianças, assistiram enquanto um jovem, fazendo o papel de Princip, brandia uma arma e silenciava uma valsa do compositor austríaco Johann Strauss.

“Quem quer viver deve morrer, quem quer morrer deve viver!”, gritou eles, antes do início de uma dança folclórica sérvia.

Os sérvios são sensíveis ao que veem como tentativas de conectá-los às guerras que iniciaram e concluíram o século 20 e de culpá-los pelos conflitos.

“A política de Sarajevo é sempre conduzida contra a República Sérvia”, afirmou Jovan Mojisilovic, que fez o papel de Princip na encenação desta sexta-feira, referindo-se à região autônoma sérvia na Bósnia constituída após a guerra.

“Estão até trazendo a Filarmônica de Viena – pura provocação!”, disse ele à Reuters.

O líder sérvio da Bósnia, Milorad Dodik, que frequentemente ameaça uma secessão sérvia da Bósnia, patrocinou a inauguração da estátua, um evento que alguns analistas veem como parte de uma campanha política com vistas à eleição parlamentar de outubro.

Os povos da Bósnia "ainda estão divididos", disse Dodik. "Em relação ao assassinato em Sarajevo, pensamos e agimos de maneira diferente”.

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