Palestina: fracasso das negociações que começaram em julho passado vai propiciar um aumento dos ataques espontâneos contra alvos israelenses (.)
Da Redação
Publicado em 2 de janeiro de 2014 às 09h20.
Jerusalém - Os serviços de segurança da Autoridade Nacional Palestina (ANP) advertem, em um documento interno, da explosão de uma possível intifada durante 2014 se as atuais negociações de paz com Israel fracassarem.
No documento, divulgada com exclusividade pelo jornal israelense "Yedioth Ahronoth", se estima que o fracasso das negociações que começaram em julho passado vai propiciar um aumento dos ataques espontâneos contra alvos israelenses e recomenda elaborar planos para evitar uma onda de violência.
Em 2000, quando explodiu a segunda Intifada, vários agentes armados das forças de segurança da ANP foram incitados pelas massas a participar dos combates contra as forças israelenses, o que elevou rapidamente o nível dos confrontos.
Naquela revolta, que explodiu por causa do fracasso das negociações de Camp David e após uma visita do então líder da oposição Ariel Sharon à esplanada das mesquitas de Jerusalém, morreram mais de 4.500 palestinos e 1.000 israelenses, na pior onda de violência entre ambos os povos até o momento.
O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, afirmou em várias ocasiões que os palestinos não recorrerão à violência para ver concretizadas suas aspirações nacionais, mas no relatório se diz que a população pode se ver encorajada por grupos islamitas, entre eles o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
Sempre segundo a versão do jornal, no documento palestino se indica que o Hamas pode mudar de tática durante 2014 para se concentrar na atividade militar na Cisjordânia, embora desta vez não seria por meio de atentados suicidas contra alvos judeus, mas por meio de franco-atiradores.
Um dos primeiros alvos do Hamas, da Jihad Islâmica e da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) será o sequestro de soldados ou civis israelenses, a fim de trocá-los por seus próprios presos.
Também se adverte do aumento na atividade de grupos radicais salafistas em Gaza e Cisjordânia e se menciona em particular o efeito dos estudantes universitários palestinos que retornam de países nos quais a Al Qaeda tem uma forte presença ou que combateram na Síria ao lado dos rebeldes.
Outro fenômeno advertido pelo relatório é o da crescente influência na região da milícia xiita libanesa Hisbolá, que procura ter acesso a recursos humanos locais para, primeiro, recolher informação sobre Israel e, segundo, servir-se deles como arma no caso de uma nova guerra com o Estado judeu.
Após vários anos de relativa calma na Cisjordânia, na segunda metade de 2013 foi registrado um considerável aumento do número de vítimas palestinas e israelenses, assim como no número de ataques populares contra alvos israelenses em território ocupado.
Em seus últimos relatórios, os serviços de Inteligência do Exército israelense e o serviço secreto Shabak asseguram não ver ainda a estrutura organizada que requer uma Intifada nem as ordens para consolidá-la, mas não descartam um aumento nos ataques individuais, um fenômeno parecido com o qual levou à primeira revolta palestina, entre 1987 e 1993.