Freetown - Serra Leoa voltava nesta segunda-feira à normalidade após três dias de confinamento que permitiram descobrir dezenas de mortos devido ao ebola, ao mesmo tempo que o religioso espanhol que contraiu o vírus neste país chegou a Madri para receber tratamento médico.
O confinamento permitiu detectar 150 casos novos do vírus mortal e encontrar 70 cadáveres, indicaram as autoridades nesta segunda-feira.
A epidemia provocou mais de 2.700 mortes durante o ano, provocando uma crise de saúde de repercussões sociais e econômicas nos três países mais afetados: Serra Leoa, Libéria e Guiné.
Em Serra Leoa, onde o vírus hemorrágico matou mais de 600 pessoas, os seis milhões de habitantes foram proibidos de sair de suas casas nos últimos três dias.
O balanço de cadáveres encontrados e de casos detectados durante o confinamento se limita à capital Freetown e aos seus arredores.
Os resultados para todo o país podem aumentar consideravelmente os números gerais, indicaram nesta segunda-feira as autoridades.
"A população respeitou a ordem de permanecer em suas casas, o que permitiu às equipes de campanha sensibilizar as famílias sobre o ebola", ressaltou um funcionário dos serviços públicos de saúde.
Na Espanha, o missionário católico Manuel García Viejo, de 69 anos, chegou na madrugada desta segunda-feira a Madri, procedente de Serra Leoa, em um avião-ambulância e foi imediatamente transferido ao hospital Carlos III.
O missionário encontra-se no momento em uma situação grave, informou o hospital.
García Viejo, especializado em medicina tropical, membro da Ordem Hospitalar de 'San Juan de Dios', instalada na África há 30 anos, dirigia em Serra Leoa o hospital da cidade de Lunsar.
O religioso é o segundo caso de um espanhol infectado com esta doença desde o início da epidemia.
Em agosto, o também religioso Miguel Pajares, de 75 anos, morreu de ebola depois de ser transferido a Madri.
Faltam leitos
Já a Libéria, o país mais afetado, com mais de 1.450 mortos, anunciou que vai aumentar o número de leitos dos 250 atuais para 1.000, para tratar os doentes em Monróvia, a capital, praticamente com o sistema de saúde em colapso.
"Rejeitamos pacientes porque não temos espaço. É por isso que o governo vai tentar disponibilizar 1.000 leitos para poder receber todos os pacientes", declarou à AFP o ministro da Informação, Lewis Brown.
"Desta forma colocaremos fim à propagação porque os que rejeitamos retornam as suas comunidades, onde podem infectar outras pessoas", acrescenta.
No dia 8 de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu que a Libéria poderia registrar "vários milhares de novos casos".
No condado de Montserrado (oeste), que inclui Monróvia, a OMS informou que são necessários urgentemente 1.000 leitos para os doentes da epidemia do vírus do ebola na África ocidental, a mais grave desde que foi identificada em 1976.
Os últimos dados da OMS falam que na Libéria foram registrados 2.710 casos, mas estes números são de uma semana atrás, e os serviços de saúde da capital precisaram enfrentar um enorme fluxo de pacientes nos últimos dias.
"Estou aqui desde esta manhã. Já estive ontem e anteontem, mas me dizem para ir embora e voltar mais tarde", contou à AFP Fatima Bonoh, de 35 anos, com tremores, na entrada do hospital da Redenção de Monróvia.
Um segundo grupo de militares americanos chegou no domingo à Libéria como parte de uma missão de 3.000 soldados destinada a ajudar os serviços de saúde do país.
Na Nigéria, onde o vírus matou oito pessoas de 20 casos confirmados, foi confirmado para esta segunda-feira o retorno às aulas após férias prolongadas devido ao ebola, mas o sindicato majoritário de professores está preocupado com os riscos de propagação do vírus nas instituições de ensino.
De fato, a epidemia preocupa o mundo inteiro. A Índia anunciou o adiamento da 3ª Cúpula Índia-África prevista em Nova Délhi em dezembro, que contaria com a participação de 50 países africanos.
*Atualizada às 12h38 do dia 22/09/2014
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)