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Sequestro de carbono teria causado tremores no Texas

Método usado para estocar os perigosos gases causadores de efeito estufa ao injetá-los no subsolo teria provocado uma série de terremotos no Texas

Perfuração de poço de petróleo em Fort Worth, Texas: descoberta representa a primeira vez que o sequestro de carbono é vinculado a tremores (Robert Nickelsberg/AFP)

Perfuração de poço de petróleo em Fort Worth, Texas: descoberta representa a primeira vez que o sequestro de carbono é vinculado a tremores (Robert Nickelsberg/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2013 às 09h34.

Washington - Um método usado para estocar os perigosos gases causadores de efeito estufa ao injetá-los no subsolo teria provocado uma série de terremotos no Texas, alguns com magnitude superior a 3, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira.

A descoberta, publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, representa a primeira vez que o sequestro de carbono é vinculado a tremores com magnitude entre 3 e 4,4.

No ano passado, cientistas advertiram na mesma revista que a captura e o sequestro de carbono estavam provocando terremotos, mas que não existia evidências diretas destes tremores até agora.

O estudo se concentrou na atividade sísmica em campos de petróleo nos condados de Scurry e Kent, no noroeste do Texas, conhecidos como campos petrolíferos Cogdell e Kelly-Snyder.

Um processo chamado injeção hidráulica, usado no campo Cogdell para aumentar a produção de petróleo entre 1957 e 1982, e estudos anteriores tinham demonstrado que a prática causou pequenos sismos na região entre 1975 e 1982.

Mais recentemente, metano e dióxido de carbono foram injetados em altos volumes em campos de petróleo, destacou o estudo de Wei Gan e Cliff Frohlich, do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas, em Austin.

O método foi adotado em uma área onde o Departamento de Energia dos Estados Unidos financiou estudos sobre os impactos em potencial da captura e do sequestro de carbono (CCS, na sigla em inglês), uma técnica proposta para reduzir as emissões de gases, capturando o CO2 e injetando-o no subsolo para estocagem de longo prazo.


"O resultado mais significativo deste estudo é que a injeção de gás pode ter contribuído para provocar uma sequência de terremotos que tem ocorrido desde 2006 no campo Coddell, no Texas, e arredores", destacou o estudo.

"Esta é uma instância incomum e notável onde a injeção de gás pode ter contribuído para provocar terremotos com magnitude 3 ou superior", acrescentou.

Havia 18 terremotos de magnitude 3 ou superior de 2006 a 2012, inclusive um tremor de magnitude 4,4 registrado em 11 de setembro de 2011.

Dos 93 tremores registrados na área de Cogdell entre março de 2009 e dezembro de 2010, três durante este período de tempo tiveram magnitude superior a 3.

A injeção hidráulica pode não ter explicado estres tremores, que ocorreram após um período de 24 anos no qual nenhum tremor foi detectado, afirmaram os cientistas.

O estudo foi financiado pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos e pela Fundação de Ciência Natural da China.

Segundo o estudo, continua "um enigma porque não há terremotos em campos vizinhos similares, como o Kelly–Snyder e o Salt Creek".

Assim como o campo Cogdell, estas outras áreas passaram anos submetidas a injeção hidráulica e extração de petróleo, seguidos de aumentos recentes de injeção de gás.

Os autores do estudo afirmam que a explicação seria que há falhas geológicas na região de Cogdell suscetíveis a atividade sob pressão e que estas falhas não devem existir nos campos vizinhos.

Modelos geológicos mais detalhados são necessários para explicar porque algumas áreas respondem de forma diferente à injeção de gás do que outras.

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