Mundo

Separadas pela guerra, famílias ucranianas se encontram pela primeira vez

Moradores de Troitske contam que têm filhos servindo nas forças armadas e que mantiveram bandeiras ucranianas em suas casas, apesar da presença dos russos

Olga Valkova (à esquerda), de 64 anos, se reúne em 18 de setembro de 2022 com sua irmã Garina Nazorenko, de 80 anos, na cidade de Troitske, região de Kharkiv, após ser reconquistada pelo exército ucraniano (AFP/AFP Photo)

Olga Valkova (à esquerda), de 64 anos, se reúne em 18 de setembro de 2022 com sua irmã Garina Nazorenko, de 80 anos, na cidade de Troitske, região de Kharkiv, após ser reconquistada pelo exército ucraniano (AFP/AFP Photo)

A

AFP

Publicado em 19 de setembro de 2022 às 09h25.

Olga Valkova chorou muitas vezes depois que as tropas invasoras russas tomaram a cidade ucraniana de Troitske, isolando-a de sua família e de sua casa de campo.

Quando conseguiu retornar à cidade, a mulher, de 64 anos, voltou a chorar, mas agora de alegria, enquanto distribuía comida aos soldados ucranianos que libertaram sua cidade.

Também não conseguiu conter as lágrimas quando conseguiu finalmente se reunir com seu irmão Leonid Kandaurov, de 60 anos, e sua cunhada Lydia, após mais de seis meses sem conseguir se ver.

Troitske é uma pequena cidade composta por casas com pomares, patos e um lago de pesca, aninhada entre os vastos campos de girassóis do nordeste da Ucrânia.

Antes da guerra, Olga e seu marido, Alex Vashchenko, um caminhoneiro aposentado de 65 anos, iam à sua casa de campo várias vezes por mês para cuidar da horta.

LEIA TAMBÉM: Operadora da Ucrânia acusa Rússia de bombardear central nuclear no sul do país

O dia do ataque

Em 25 de fevereiro, no segundo dia da invasão, o repentino avanço russo sobre Kharkiv atingiu Troitske rapidamente.

Olga não estava lá, mas sua amiga Anna Kryvonosova, de 65 anos, conta o que aconteceu. "Durante três dias seguidos, os veículos blindados russos passaram por essa rua", diz à AFP.

Olga Valkova (à direita), de 64 anos, abraça sua cunhada Lidya Kandaurov (à esquerda), de 58 anos, após retornar a Troitske, sua cidade natal, libertada pelo exército ucraniano (AFP/AFP Photo)

"Foi assustador. Os soldados estavam em cima dos blindados com as armas apontando para nós, para a nossa casa. Foi uma verdadeira ocupação".

"Entraram nas nossas casas, verificaram nossos documentos, revistaram todos os lugares... os armários, os porões, tudo".

O dia da libertação não foi menos intimidante. Moradores ouviram explosões na cidade vizinha de Shevchenkove e depois viram tanques chegando à cidade. Mas ficaram aliviados quando perceberam que era a 92ª Brigada do exército ucraniano.

LEIA TAMBÉM: Ofensiva ucraniana: o que se sabe sobre o avanço recente da Ucrânia na guerra

De volta para casa

O marido de Anna, Nikolai Kryvonosov, cumprimenta os jornalistas visitantes com um brinde.

"Pela vitória! Que Putin morra! Que se foda!", grita o homem de 67 anos, em russo.

As forças russas usaram Troitske como rota de abastecimento e patrulharam a área, mas não estabeleceram uma base na cidade.

Os moradores contam com orgulho como ligaram para seus parentes em Kharkiv, que relataram a posição russa ao serviço de segurança ucraniano SBU.

A região de Kharkiv é principalmente de língua russa, mas a cidade de Kharkiv resistiu ao avanço russo e os habitantes de Troitske rejeitaram a invasão de Putin.

Muitas das famílias que falaram com a AFP têm filhos servindo nas forças armadas ucranianas, e algumas dizem que mantiveram bandeiras ucranianas em suas casas, apesar da presença dos russos.

Em 7 de setembro, a surpreendente contraofensiva ucraniana fez as tropas russas recuarem ao leste.

LEIA TAMBÉM:

Ucrânia encontra centenas de corpos em cidade retomada dos russos

Biden alerta Putin contra o uso de armas nucleares na Ucrânia

Acompanhe tudo sobre:GuerrasRússiaUcrânia

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'