Mundo

Senadores tentam impedir Trump de ordenar novos ataques ao Irã sem aval do Congresso

Deputada da oposição falou em impeachment; Constituição determina que Congresso deve autorizar guerra contra outro país

Donald Trump, presidente dos EUA, durante viagem ao Canadá, em 16 de junho (Chip Somodevilla/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA, durante viagem ao Canadá, em 16 de junho (Chip Somodevilla/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de junho de 2025 às 13h19.

A decisão do presidente Donald Trump de atacar as centrais nucleares do Irã, no último sábado, gerou uma série de críticas entre políticos americanos, tanto da oposição quanto de aliados republicanos.

A Constituição dos EUA determina que cabe ao Congresso declarar guerra a outro país. No entanto, outras leis autorizam o presidente a fazer ataques pontuais. O governo Trump buscou deixar claro que o país não está em guerra com o Irã, mas quer apenas desmantelar seu programa nuclear.

Em resposta ao ato de Trump, o senador democrata Tim Kaine, da Virgínia, propôs uma resolução para requerer aprovação do Congresso para novos ataques ao Irã. A votação poderá ocorrer ainda nesta semana, segundo o site Politico.

O apoio ao ataque de Trump gerou uma divisão entre os republicanos, que vinham até agora apoiando firme praticamente todas as medidas do presidente, que tem um domínio quase completo do partido.

Uma parcela do partido e de aliados de Trump defendem que os EUA não entrem mais em guerras no exterior, pois isso iria contra a principal proposta de Trump, "Make America Great Again". Entre os que questionam a intervenção, estão Tucker Carlson, ex-apresentador da Fox News, Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, e a deputada republicana Marjorie Taylor Greene.

"Se ficar claro que este vai se tornar um conflito amplo, precisamos lembrar que só o Congresso tem o poder constitucional de autorizar guerra", disse a senadora republicana Lisa Morkowski, do Alasca, em um post no X.

Na Câmara, uma resolução na mesma linha do Senado foi proposta pelos deputados Thomas Massie (republicano, do Kentucky), e Ro Khanna (democrata, da Califórnia). Trump ficou revoltado com Massie e fez um longo post de ataque a ele.

"O deputado Thomas Massie não é MAGA, mesmo ele dizendo que é. Na verdade, o MAGA não quer ele, não o reconhece e não o respeita", postou Trump.

"Isso não é América Primeiro, amigos", respondeu Massie.

Divisão entre democratas

Do lado democrata, há uma divisão. Parte dos congressistas defendeu os ataques, enquanto outros querem punir Trump pela forma como agiu.

A deputada democrata Alexandra Ocasio-Cortez (Nova York) defendeu um processo de impeachment contra Trump. Ao mesmo tempo, parlamentares democratas pró-Israel se posicionaram contra uma resolução para limitar futuros ataques de Trump.

Os republicanos possuem maioria nas duas casas, de modo que as medidas contra Trump tem pouca chance de prosperar, a menos que mais republicanos decidam se abster ou votar contra o presidente.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)Partido Republicano (EUA)Partido Democrata (EUA)

Mais de Mundo

União Europeia prorroga suspensão de tarifas de represália contra EUA

Trabalhador rural é primeira pessoa a morrer em operação anti-imigração de Trump

Do vinho à aeronáutica, como as tarifas de 30% de Trump ameaçam a Europa?

Entre arroz e big techs: os desafios para as negociações das tarifas de Trump