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Senadora opositora Jeanine Áñez se declara presidente interina da Bolívia

Áñez assumiu o cargo em sessão no Parlamento que não contou com a presença dos representantes do MAS, partido do agora ex-governante

Jeanine Áñez: senadora opositora assume a presidência, que estava vazia desde a renúncia de Evo Morales (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Jeanine Áñez: senadora opositora assume a presidência, que estava vazia desde a renúncia de Evo Morales (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 20h26.

Última atualização em 12 de novembro de 2019 às 20h51.

La Paz — A senadora opositora Jeanine Añez declarou-se presidente interina da Bolívia nesta terça-feira, no Congresso, apesar da falta de quórum para indicá-la em uma sessão legislativa boicotada por parlamentares do partido esquerdista do ex-presidente Evo Morales.

Ela havia convocado para esta terça-feira, 12, sessões extraordinárias no Parlamento para tentar resolver o vazio de poder após a renúncia do presidente Evo Morales, no domingo, 10, mas não houve quórum em nenhuma das Casas.

Morales renunciou após pressão das Forças Armadas após uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontar graves irregularidades na apuração dos votos das eleições presidenciais de 20 de outubro, nas quais ele foi reeleito em primeiro turno para o quarto mandato.

Morales desembarcou no México nesta terça-feira comprometendo-se a manter sua "luta" política depois que ele e seu vice-presidente renunciaram, dois dias atrás, em meio a protestos sobre as eleições de 20 de outubro.

Alegando a necessidade de se criar um clima de paz social no país, Áñez voltou a afirmar que convocará eleições o mais rápido possível no país. Na segunda-feira, ela havia dito que convocaria eleições para janeiro. "Queremos convocar eleições o mais rápido possível", discursou Añez, nesta terça-feira.

Añez havia se proclamado momentos antes presidente da Câmara Alta, por conta da ausência da titular da instituição e do primeiro vice-presidente, supostamente exilados na Embaixada do México na Bolívia.

A Constituição estabelece que, após a renúncia do presidente, o vice-presidente, o presidente do Senado ou o presidente da Câmara dos Deputados deve assumir a sucessão, mas todos também renunciaram a seus cargos.

O partido Movimento para o Socialismo (MAS), presidido por Evo e que detém a maioria no Parlamento, havia pedido mais cedo "altas garantias" para poder assistir às sessões parlamentares convocadas.

"Estamos pré-dispostos a uma saída constitucional, quero que fique muito claro, conforme nossos companheiros manifestaram. Mas pedimos as mais altas garantias para podermos participar", disse à imprensa a líder do MAS na Câmara dos Deputados, Betty Yañíquez, no primeiro pronunciamento do partido desde a saída de Evo.

Perfil

Entre lágrimas, a opositora aceitou na segunda-feira a difícil tarefa que lhe encomendaram: assumir a presidência interina da Bolívia, papel que lhe cabe segundo a ordem constitucional do país.

Jeanine Áñez, de 52 anos, nasceu em Trinidad, Departamento de Beni. Em 2010, foi eleita senadora da Bolívia pelo partido do Plano Progresso para a Bolívia - Convergência Nacional (PPB-CN). Na última eleição de 2015, participou da sigla Unidad Demócrata.

Entre os anos de 2006 e 2008, a senadora assumiu uma cadeira na Assembleia Constituinte para a redação da nova Carta. Graduada em Ciências Jurídicas e Direito, ela também participou da comissão de organização e estrutura do novo Estado, atuando no Poder Judiciário.

"Estou praticamente há dez anos fazendo oposição e não podemos dizer que estávamos em uma democracia plena. Não se pode falar de democracia quando há perseguidos políticos, quando há exilados políticos, quando a institucionalidade democrática é inexistente no país, quando não se respeita a Constituição", declarou na segunda-feira.

Ela é casada com o político colombiano Héctor Hernando Hincapié Carvajal, membro do Partido Conservador Colombiano. Em seu perfil no Twitter, ela se define como uma "democrata, autônoma, mãe, e defensora da liberdade e da democracia".

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