Mundo

Senado mexicano aprova fim do foro privilegiado presidencial

Com a reforma de dois artigos da Constituição mexicana, um presidente em exercício poderia ser levado à justiça por qualquer crime

México: A reforma obteve 89 votos a favor e 23 contra no senado, depois que a Câmara dos Deputados aprovou a proposta em setembro (AFP/AFP)

México: A reforma obteve 89 votos a favor e 23 contra no senado, depois que a Câmara dos Deputados aprovou a proposta em setembro (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 27 de novembro de 2020 às 16h31.

Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 16h34.

O Senado do México aprovou nesta quinta-feira (26) uma reforma constitucional que elimina a imunidade que impede o presidente em exercício de ser processado por ações realizadas durante seu governo, mas a iniciativa ainda precisa passar pela aprovação da maioria dos parlamentos estaduais.

A reforma, lançada pelo presidente de esquerda Andrés Manuel López Obrador, obteve 89 votos a favor e 23 contra na câmara alta, completando o processo legislativo federal, depois que a Câmara dos Deputados aprovou a proposta em setembro.

"O parecer sobre a reforma constitucional na questão do foro presidencial foi aprovada", disse o Senado em sua conta no Twitter.

A legislação em vigor estabelece que o presidente em exercício, enquanto durar seu governo, só pode ser julgado por traição à pátria ou crimes graves de ordem comum.

As duas câmaras do Congresso são dominadas pelo partido governista Morena, que com o voto de seus aliados e após negociações conseguiu reunir os votos de pelo menos dois terços dos parlamentares presentes para aprovar a reforma constitucional.

Com a reforma de dois artigos da Constituição, um presidente em exercício poderia ser levado à justiça por qualquer crime, como corrupção, após um julgamento político no Senado.

Por se tratar de uma reforma constitucional, o projeto agora será enviado aos parlamentos dos 32 estados que compõem a federação. Para ser aprovado, requer o voto favorável de pelo menos 17 deles.

A proposta de eliminação do foro privilegiado do chefe de Estado foi lançada por López Obrador como forma de combater a corrupção e a impunidade, duas das principais promessas de seu governo.

Quando estava na oposição, López Obrador acusou presidentes de corrupção, mas o marco legal o impedia de apresentar denúncias formais.

O político de esquerda também promoveu uma consulta popular, a ser realizada em 2021, para definir se deve iniciar um eventual processo judicial contra cinco ex-presidentes por decisões políticas durante seus governos.

A consulta não é necessária porque a lei permitiria a denúncia dos ex-presidentes, mas López Obrador disse que seu governo só vai promover ações na justiça com o consentimento dos cidadãos.

O governo do ex-presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018) foi apontado por investigações jornalísticas pelo suposto desvio de recursos públicos para campanhas de seu partido, o Revolucionário Institucional (PRI).

Após o fim da administração Peña Nieto, processos judiciais levaram em 2019 à prisão de Rosario Robles, que chefiava duas pastas em seu gabinete.

O foro presidencial tem sido uma das questões mais polêmicas da política mexicana.

Na história recente, apenas um presidente, Luis Echeverría (1970-1976), foi levado a julgamento acusado de crimes contra a humanidade cometidos em dois massacres de estudantes perpetrados em 1968 e 1971 por militares e agentes do Estado.

Em 2009, a justiça exonerou Echeverría, atualmente com 98 anos, por não haver provas concretas de sua responsabilidade.

Tudo o que você precisa saber sobre a Black Friday:

 

Acompanhe tudo sobre:MéxicoReforma política

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia