Trump: presidente dos Estados Unidos aplicou tarifas para os produtos de diversos países
Repórter
Publicado em 30 de outubro de 2025 às 21h05.
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira, 30, a revogação das tarifas globais impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos de mais de cem países, em uma nova ação simbólica da Câmara Alta do Congresso contra a política comercial da Casa Branca.
Com 51 votos a favor e 47 contra, os senadores decidiram rejeitar a principal diretriz comercial do presidente, com apoio dos republicanos Rand Paul, Mitch McConnell, Susan Collins e Lisa Murkowski.
A resolução se soma a outras duas aprovadas nesta mesma semana — direcionadas à eliminação das tarifas sobre produtos do Canadá e do Brasil —, ambas com apoio bipartidário, o que reforça a resistência de parte dos congressistas republicanos ao uso de tarifas como instrumento de pressão econômica.
Durante a votação, Mitch McConnell declarou que “as tarifas encarecem tanto a construção como a compra nos Estados Unidos” e que “os prejuízos econômicos das guerras comerciais não são a exceção, mas a regra”.
A medida, assim como as demais resoluções aprovadas nesta semana, tem caráter essencialmente simbólico, já que agora seguirá para análise na Câmara dos Deputados, onde enfrenta baixa probabilidade de aprovação, em razão da maioria republicana.
As tarifas globais — classificadas como “recíprocas” pela Casa Branca —, variavam em 10% e foram aplicadas a produtos de mais de cem países em 5 de abril, com base em uma lei de emergência. Entre essa data e agosto, os Estados Unidos arrecadaram aproximadamente US$ 88 bilhões em receitas fiscais por meio dessas tarifas, segundo dados do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras.
As tarifas faziam parte da estratégia de política comercial do governo de Trump, voltada para pressionar parceiros a rever acordos considerados desfavoráveis aos Estados Unidos. Analistas consultados pela agência EFE destacam que a revogação simboliza o desconforto crescente no Senado com os impactos inflacionários e a perda de competitividade causados pelas medidas protecionistas.
Mesmo com a possível rejeição pela Câmara, o movimento no Senado representa um sinal político importante, indicando uma tentativa de parte dos legisladores de redefinir o debate sobre o uso de tarifas no comércio internacional americano.
Na terça-feira, o Senado americano aprovou um projeto de lei que pode revogar as tarifas impostas ao Brasil durante o governo de Donald Trump, incluindo sobre produtos como petróleo, café e suco de laranja.
A resolução foi aprovada por 52 votos a favor e 48 contra. Era necessária maioria simples para ser aprovada, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
A decisão também anula o estado de emergência nacional declarado por Trump em julho, em resposta à investigação e ao processo movido pelo Brasil contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, relacionado a uma suposta tentativa de golpe.
Com a aprovação do projeto de lei, as tarifas e o estado de emergência, considerados controversos, foram desfeitos, sinalizando uma mudança nas relações comerciais entre os dois países.
Apresentada pelo senador democrata Tim Kaine, a proposta visa revogar os estados de emergência nacional que Donald Trump declarou para justificar a imposição de tarifas, incluindo aquelas aplicadas ao Brasil. A medida visa desfazer as tarifas sobre produtos como petróleo, café e suco de laranja, que foram implementadas durante o governo Trump.
"As tarifas do presidente Trump sobre produtos brasileiros, que ele impôs na tentativa de impedir que o Brasil processasse um de seus amigos, são ultrajantes", disse Kaine em um comunicado.
E acrescentou: "Os preços de todos os tipos de produtos de uso diário — incluindo o café, grande parte importado do Brasil — estão subindo. Precisamos impedir que Trump inicie essas guerras comerciais incompetentes e caóticas que estão enfraquecendo nossa economia. Peço a todos os meus colegas que defendam o princípio de que nossa política econômica deve promover os melhores interesses dos americanos, não queixas pessoais ridículas."
Além disso, Kaine anunciou que pretende apresentar resoluções semelhantes para encerrar tarifas aplicadas a outros países, como o Canadá, ainda nesta semana, segundo a Associated Press. Essas ações refletem a tentativa de modificar a política comercial dos Estados Unidos em relação a vários países, para reduzir tensões comerciais.
Apesar da aprovação no Senado americano, o projeto de lei tem poucas chances de avançar. A proposta será analisada agora pela Câmara dos Representantes, de maioria republicana, que adotou recentemente novas regras, permitindo à liderança barrar sua tramitação.
Para Tim Kaine, as votações têm caráter simbólico e pretendem demonstrar insatisfação com a política tarifária do governo federal, de acordo com informações da emissora americana ABC. O parlamentar afirmou ainda que as medidas buscam provocar um debate sobre os impactos negativos à economia dos EUA causados pelas taxações.
No final de julho, Donald Trump assinou uma ordem executiva que oficializa a tarifa de importação de 50% sobre os produtos brasileiros.
A medida, no entanto, isenta uma série de produtos que o Brasil exporta aos EUA, incluindo suco de laranja, minérios, aeronaves e petróleo. A lista completa soma cerca de 700 itens.
Ao mesmo tempo, a taxa incide sobre outros itens importantes da pauta de exportações brasileiras, como a carne e o café, o que poderá inviabilizar exportações brasileiras.
A ordem coloca 40% adicionais de tarifas sobre a taxa de 10% anunciada em abril, adotada para todos os países, somando 50%. Assim, os itens isentos agora ficarão com tarifa de 10%.
Como justificativa, o governo americano disse que a medida é uma "resposta a políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos", disse a Casa Branca, em comunicado.
"O presidente Trump está defendendo empresas americanas contra extorsão, protegendo cidadãos americanos da perseguição política, salvaguardando a liberdade de expressão nos EUA contra a censura e salvando a economia americana de estar sujeita aos decretos arbitrários de um juiz estrangeiro tirânico", diz a nota.
Em 9 de julho, Trump havia enviado uma carta pública em que anunciava a medida contra o Brasil.
"Devido, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como recentemente ilustrado pelo Supremo Tribunal Federal, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com milhões de dólares em multas e despejo do mercado brasileiro de mídia social), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Mercadorias levadas a outros países para escapar dessa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta", disse Trump.
Além da tarifa, o presidente americano determinou uma investigação contra o Brasil por práticas comerciais desleais, com base na seção 301. O processo está andamento e deverá ser concluído nos próximos meses. Por meio dele, o Brasil poderá sofrer punições comerciais adicionais.
Desde então o governo brasileiro buscou negociar a nova tarifa com os Estados Unidos, mas não obteve sucesso. Apesar disso, membros do governo Lula avaliam que o espaço para negociações permanece aberto.
A nova taxa poderá inviabilizar a exportação de produtos brasileiros para os EUA, como a carne e o suco de laranja.
No tarifaço anunciado em abril, o Brasil havia ficado na categoria mais baixa, de 10% de taxas extras. Os EUA possuem superávit comercial com o Brasil. Ou seja: vendem mais produtos para cá do que os brasileiros enviam para os americanos.
No primeiro trimestre de 2025, os dois países trocaram US$ 20 bilhões em mercadorias, sendo que os EUA tiveram superavit de US$ 653 milhões, segundo dados da plataforma Comexstat, do governo brasileiro.
Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial brasileiro, atrás da China. Os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA no ano passado foram:
(Com informações da agência EFE)