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Senado do Paraguai cassa imunidade de parlamentar

Nesta quinta-feira, os parlamentares voltaram atrás e o senador Victor Bogado, do Partido Colorado, perdeu a imunidade


	Paraguai: o país, governado durante 35 anos por governo militar de Alfredo Stroessner, cuja ditadura terminou em 1985, jamais havia passado por onda de insatisfação semelhante
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Paraguai: o país, governado durante 35 anos por governo militar de Alfredo Stroessner, cuja ditadura terminou em 1985, jamais havia passado por onda de insatisfação semelhante (GettyImages)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2013 às 17h38.

Brasília – Manifestações populares levaram o Senado do Paraguai a reavaliar hoje (28) o processo de cassação da imunidade de um senador, que havia sido negada pelos parlamentares no dia 14 de novembro, quando 23 membros da Casa votaram contra a perda do benefício do colega.

A decisão dos senadores provocou uma onda de insatisfação entre os paraguaios, que organizaram protestos nas últimas semanas na capital do país, Assunção. Estima-se que o maior protesto desde então, do dia 15 de novembro, tenha reunido aproximadamente 20 mil pessoas em frente ao Congresso Nacional.

Nesta quinta-feira, os parlamentares voltaram atrás e o senador Victor Bogado, do Partido Colorado, perdeu a imunidade. Ele poderá responder na Justiça por má conduta administrativa, fraude e cobrança ilegal de impostos. O estopim para o caso foi a denúncia de que a babá de suas filhas estaria recebendo mais dois salários - como empregada da Câmara dos Deputados e comissionada da Hidrelétrica Itaipu. O senador se declara inocente das acusações.

Os protestos contrários à manutenção da imunidade de Bogado tiveram a adesão de diversos estabelecimentos comerciais, especialmente restaurantes.

Isso porque no mesmo dia em que o senador conseguiu manter o benefício, o político foi a uma churrascaria. Um dos parlamentares que votou pela absolvição foi a uma pizzaria e acabou expulso do local a gritos, empurrões e insultos, entre eles, “ratazana sem vergonha”. Nos dias seguintes, vários restaurantes penduraram nas portas o seguinte aviso: "Aqui não servimos ratos".

Nos últimos dias, restaurantes, bares, comércios, lojas, shoppings, estádios de futebol e prestadores de serviços de todo tipo passaram a anunciar que barrariam a entrada dos 23 senadores “cúmplices da impunidade”, que votaram a favor da manutenção da imunidade.

Hospitais declararam que atenderiam os referidos políticos somente em caso de urgência. Foi criada uma página na internet para identificar os parlamentares que se posicionaram favoravelmente a Bogado, com notícias, fotos e contatos. Os estabelecimentos que aderiram ao movimento de não aceitar a presença dos senadores chegam a 150. Uma funerária, ligada a um cemitério particular, foi a exceção - informou que, diferentemente dos demais, está disposta a recebê-los.

O Paraguai, que foi governado durante 35 anos pelo governo militar de Alfredo Stroessner, cuja ditadura terminou em 1985, jamais havia passado por onda de insatisfação semelhante, com a manifestação popular.

O empresário Eduardo Fernandez se diz favorável aos protestos da população e explica que ir às ruas foi uma forma de exigir uma melhor conduta dos políticos no país. Segundo ele, isso reflete uma nova mentalidade no país, favorecida pelo melhor acesso à informação.

"Tudo começou em uma pizzaria. Depois, todo mundo começou a fazer a mesma coisa. Até então, no Paraguai, os políticos podiam fazer o que eles queriam e o povo não fazia nada. Hoje em dia as coisas mudaram, mais pessoas tem acesso à informação. Há mais smartphones do que pessoas no país, tudo vai parar em redes sociais", disse o empresário.

Os últimos fatos no país estão no contexto do novo governo do presidente Horacio Cartes, empossado em agosto deste ano, que é filiado ao Partido Colorado. Em sua gestão, foi criada uma página na internet que disponibiliza dados de funcionários do Estado, em uma espécie de página de transparência. A partir daí, a imprensa passou a revelar denúncias de fraudes com recursos públicos, como a que envolveu o senador Victor Bogado.

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