Marielle Franco foi assassinada a tiros em 14 de março deste ano, junto com seu motorista, Anderson Gomes (Leonardo Benassatto/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 5 de setembro de 2018 às 12h30.
Última atualização em 5 de setembro de 2018 às 12h31.
O Senado argentino realiza hoje (5) uma sessão especial em homenagem à vereadora carioca Marielle Franco, assassinada a tiros em 14 de março deste ano, junto com seu motorista, Anderson Gomes. Passados quase seis meses, o crime ainda não foi esclarecido.
A homenagem póstuma foi proposta pelo senador Fernando Solanas, que convidou a viúva da vereadora, a arquiteta Mônica Benício, a participar do evento que também contará com a presença da psicóloga e cofundadora do movimento Mães da Praça de Maio - Linha Fundadora, entre outras militantes pelos direitos das mulheres e de promoção dos direitos humanos.
A sessão está agendada para as 17h30 e deve ser transmitida pelo site do Senado.
Segundo Mônica Benício, a iniciativa argentina é mais uma das várias manifestações internacionais que vem recebendo desde os assassinatos de Marielle e Anderson, há 175 dias.
"Diversos países querem saber o que aconteceu e qual resposta o Estado brasileiro nos ofereceu", comentou Mônica pouco antes de viajar para participar de uma série de eventos até o próximo fim de semana.
"A execução da Marielle foi um grave atentado aos direitos humanos. Entendo que seja uma obrigação do Brasil esclarecer a mim e ao mundo quem a matou, quem mandou matar e quais as motivações desse atentado que tirou a vida de minha companheira", acrescentou a arquiteta.
No início de agosto, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu que o Brasil adote medidas cautelares de proteção para Mônica. Na última sexta-feira (31), o Ministério dos Direitos Humanos anunciou a inclusão da arquiteta no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. No mesmo dia, ela se reuniu com o ministro da Justiça, Raul Jungmann, de quem cobrou informações e empenho federal nas investigações, a cargo das autoridades estaduais do Rio de Janeiro, que contam com o apoio da Polícia Federal (PF).
"Acredito que deve haver um somatório de esforços para resolver esse crime bárbaro que ultrapassou as fronteiras do Brasil. Inclusive, em minha medida cautelar apresentada à OEA, eu solicitei acompanhamento internacional no caso", lembrou Mônica.
Ontem (4), a Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações dos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes optou por "dar um noto voto de confiança" ao Ministério Público e à Polícia Civil do Rio de Janeiro e suspendeu por tempo indeterminado a votação do pedido de transferência das investigações do crime para a alçada federal.
"Será uma suspensão para avaliarmos a necessidade de transferência em um outro momento", explicou o presidente do colegiado, deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), justificando o adiamento da votação em função das informações prestadas por representantes do MP-RJ e da Polícia Civil durante reunião com membros da comissão, em agosto. Segundo Wyllys, durante a conversa, o Ministério Público prometeu se envolver "de forma mais clara" com a apuração dos crimes e dar mais transparência às informações cuja divulgação não comprometa o andamento das investigações.