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Sem vacina “estaria passando mal”, diz Fernández após contrair covid-19

O presidente argentino se vacinou em janeiro com a Sputnik V. Em entrevista, reiterou que a vacinação não impede totalmente o contágio em 100% dos casos, mas tende a evitar sintomas graves

Fernández, presidente argentino: teste rápido teve resultado positivo para covid-19 (Hector Vivas/Getty Images)

Fernández, presidente argentino: teste rápido teve resultado positivo para covid-19 (Hector Vivas/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 3 de abril de 2021 às 17h26.

Última atualização em 5 de abril de 2021 às 20h45.

O presidente argentino, Alberto Fernández, falou sobre a eficácia da vacinação neste sábado, 3, após ser diagnosticado com covid-19 mesmo após já ter se vacinado.

Em entrevista à rádio argentina 750 AM, o presidente disse que "se sente bem" e não apresenta até agora nenhum sintoma grave. Ao comentar sobre ter pego a doença mesmo com a vacinação, Fernández repetiu as recomendações médicas afirmando que a vacinação, ainda que não impeça todos de contraírem o vírus, tende a reduzir a gravidade da doença.

"Se não fosse pela vacina, eu evidentemente estaria passando muito mal", disse, afirmando que teve um pouco de febre e dor de cabeça, mas nada grave. "Sempre soubemos que poderia haver um caso. [...] Mas o que sempre se afirmou é que a gravidade da doença diminuiria muito."

O presidente argentino havia se vacinado com a vacina russa Sputnik V no fim de janeiro, se tornando na ocasião o primeiro líder latino-americano a ser vacinado contra o coronavírus. Semanas depois, tomou a segunda dose.

Fernández foi diagnosticado na noite desta sexta-feira, 2, com um teste rápido, que busca a presença de uma proteína do Sars-Cov-2 no corpo. O presidente disse que ainda aguarda o resultado do teste PCR feito.

"Não tenho ideia de como me contaminei. Sou alguém que se cuida muito. Isto deve servir para que todos entendamos o risco que corremos", disse.

Especialistas argentinos ouvidos pela imprensa local apontam que, possivelmente, Fernández é um dos exemplos de pessoas que contraem a covid-19 mesmo vacinadas. Há grandes chances de que, por ter sido vacinado, o presidente argentino não desenvolva um quadro grave da doença.

Embora seja impossível que uma vacina tenha eficácia total -- isto é, garanta que nenhum vacinado vá se infectar --, a grande esperança com as vacinas é que a imunização evite casos graves de covid-19 e a maior parte dos óbitos de vacinados. No futuro, quando se atingir a vacinação em massa, a vacina também deve ajudar a reduzir a circulação do vírus, reduzindo também o número de infectados.

Neste sábado, após anunciar que havia sido diagnosticado no Twitter, Fernández também compartilhou na rede social a publicação de uma jornalista especializada em saúde do jornal La Nación, um dos maiores da argentina, citando os infectologistas que ouviu sobre o caso do presidente. "Não só é provável, como é esperado que uma porcentagem da população contraia a doença", escreveu.

O presidente também recebeu mensagens de outros líderes sul-americanos e fez uma série de postagens com respostas pelo Twitter. Um dos líderes citados foi o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. "Muito obrigada meu querido amigo", respondeu Fernández à mensagem de Lula.

O Instituto Gamaleya, por meio do perfil da Sputnik V no Twitter, também respondeu à publicação de Fernández.

"Estamos tristes em ouvir isso. A Sputnik V tem 91,6% de eficácia contra infecções e 100% de eficácia contra casos graves. Se a infecção for de fato confirmada e ocorrer, a vacinação garante uma recuperação rápida e sem sintomas graves. Desejamos que você tenha uma recuperação rápida!", escreveu o perfil.

A eficácia da Sputnik V foi comprovada em estudo publicado na prestigiada revista científica The Lancet.

A Argentina tem vacinado com a Sputnik desde dezembro passado. No momento, são 4,2 milhões de doses aplicadas no país, a maioria sendo a Sputnik V, e com quase 8% da população tendo recebido a primeira dose.

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