Mundo

Sem nenhuma prova, Trump diz ser vítima de grande complô

Presidente afirma ter vencido a eleição com facilidade e prevê longa batalha jurídica

Trump: foi a primeira aparição pública do presidente americano desde a madrugada de quarta-feira (Carlos Barria/Reuters)

Trump: foi a primeira aparição pública do presidente americano desde a madrugada de quarta-feira (Carlos Barria/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 21h26.

Última atualização em 5 de novembro de 2020 às 22h02.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um pronunciamento no início da noite desta quinta-feira (5) afirmando ter vencido a eleição “com facilidade”. Ele apontou uma suposta conspiração da grande mídia, das elites financeiras e das grandes empresas de tecnologia para lhe roubar a vitória.

Trump também afirmou que as pesquisas erraram “de propósito”, o que seria uma tentativa de diminuir o comparecimento de seus eleitores. “Foi interferência eleitoral", afirmou.

O presidente americano acusou as autoridades eleitorais de alguns estados de corrupção e afirmou que não existe uma “onda azul”, representada pela contagem dos votos enviados pelo correio.

“Eu estava com uma vantagem de 700.000 votos na Pensilvânia e agora estou com 90.000”, disse Trump. “Eles procuram os votos [para Biden] até achar.”

A base do argumento de Trump é o que ele chama de “votos legais”. Segundo a teoria da conspiração promovida pelo presidente dos Estados Unidos de um púlpito na Casa Branca, cédulas com votos para seu adversário estariam sendo incluídas na calada da noite na pilha dos votos a contar.

Mas os responsáveis pela eleição em diversos estados afirmaram diversas vezes que as cédulas ficam em locais protegidos, e nenhuma é aceita passado o prazo – que varia de acordo com a regra de cada estado.

As três emissoras abertas — ABC, CBS e NBC — cortaram a fala do presidente, que foi marcada por inúmeras alegações sem provas. Já a CNN, que transmitiu o discurso completo, classificou as falas do presidente como “patéticas” e que “a noite de hoje era um dia muito triste para os EUA”.

O âncora da MSNBC, Brian Williams, comentou: “Aqui estamos novamente na posição incomum de não apenas interromper o presidente dos Estados Unidos, mas também corrigi-lo”.

Trump também deu indicações de que não vai aceitar o resultado da eleição. “Vai haver muito litígio, talvez acabe na mais alta corte do país.” Ele indicou três dos nove juízes que compõem a Suprema Corte, incluindo Amy Coney Barrett, aprovada e regime de urgência pela maioria republicana no Senado.

Foi sua primeira aparição pública desde a madrugada de quarta-feira, quando ele declarou vitória apesar de a apuração ter apenas começado em boa parte dos estados-chave.

Desde então, ele vinha apenas se pronunciando no Twitter, postando mensagens sobre supostas fraudes e pedindo a interrupção da contagem dos votos. As postagens vêm sendo marcadas pela rede social “contestáveis” ou informações potencialmente “incorretas”. Os posts ficam escondidos, e o usuário tem de clicar para lê-los.

Twitter de Donald Trump

Twitter de Donald Trump (Twitter/Reprodução)

Os filhos do presidente têm amplificado as denúncias infundadas de fraude, usando linguagem ameaçadora. Eis o que postou no Twitter Donald Trump Jr., filho mais velho do presidente:

“A melhor coisa para o futuro dos Estados Unidos é Donald Trump ir para a guerra total para expor toda a fraude, trapaça, os eleitores mortos/que não estão mais no estado, tudo isso está acontecendo há tempo demais. Está na hora de arrumar essa bagunça e parar de parecer uma república das bananas.”

Um dos temores é que Trump incite seus seguidores a ir às ruas para protestar contra o que ele chama de eleição “roubada”. Durante os protestos por justiça racial que aconteceram no meio do ano, apoiadores de Trump – que incluem grupos paramilitares e supremacistas brancos munidos de armas militares – se envolveram em conflitos violentos com manifestantes do movimento Black Lives Matter.

 

Após discurso, Biden se pronuncia no Twitter

Depois das acusações sem provas do presidente Donald Trump, Joe Biden defendeu o direito ao voto e à democracia no Twitter. “Ninguém vai tirar a nossa democracia de nós. Nem agora, nem nunca. A América já chegou muito longe, lutou muitas batalhas e se fortaleceu demais para deixar isso acontecer”, afirmou.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEleições americanasEstados Unidos (EUA)Joe Biden

Mais de Mundo

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido