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Sem metrô, poluição aumenta 75% em São Paulo

Análise de partículas em suspensão no ar em dias de greve dos metroviários mostra impacto na atmosfera e na morte de pessoas que sofrem de doenças cardiorrespiratórias

Sem o transporte público das linhas férreas, o aumento da frota de veículos particulares nas ruas da capital paulista eleva em até 75% a presença de partículas suspensas no ar (Sergio Berenovsky/Dedoc)

Sem o transporte público das linhas férreas, o aumento da frota de veículos particulares nas ruas da capital paulista eleva em até 75% a presença de partículas suspensas no ar (Sergio Berenovsky/Dedoc)

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Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2012 às 15h15.

Os dias de greve nos metrôs e trens da cidade de São Paulo têm impacto direto no aumento da poluição atmosférica e na incidência de mortes por doenças cardiorrespiratórias, de acordo com um estudo feito pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e publicado no Journal of Environmental Management.

Sem o transporte público das linhas férreas, o aumento da frota de veículos particulares nas ruas da capital paulista eleva em até 75% a presença de partículas suspensas no ar, como o ozônio, monóxido de carbono, óxido de azoto e dióxido de enxofre, de acordo com a pesquisa. Já o número de mortes pode subir entre 8,9% e 14,2% para pessoas acima de 60 anos e com problemas cardiorrespiratórios.

Os dados foram coletados durante as greves de 2003 e 2006. Para a poluição, foram usadas informações de 14 das 17 estações meteorológicas da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) da capital paulista. Já os números relacionados à saúde foram coletados pelo Datasus, do Ministério da Saúde. Como as negociações salariais dos metroviários ocorrem entre maio e agosto, período de inverno e de pouca dispersão do ar, o acúmulo de poluentes torna-se ainda mais perigoso para a saúde.

Em 2003, foram computadas 56 mortes relacionadas a doenças cardiorrespiratórias por dia de greve e em 2006, 57. Destas, 14 foram atribuídas diretamente à piora da poluição – 8 em 2003 e 6 em 2006, o que dá uma média de 11,6% de taxa de mortalidade.

Metodologia — De acordo com o estudo, foram considerados os dias de greve e três dias antes e depois do fim da paralisação. Para efeito comparativo, os pesquisadores analisaram dias sem greve, chamados de "dias controle", nos quais há as mesmas condições climáticas, como nível de umidade, ventos, entre outros parâmetros.

No artigo também está relacionado os custos dessas mortes, baseando em gastos do poder público com investimentos em saúde e na perda de capacidade produtiva. Assim, a greve de 2003 teria um custo de US$ 50 milhões ao dia (ocorreram 8 mortes relacionadas à poluição), e a de 2006, US$ 36,3 milhões (6 mortes). Sem o transporte público metroviário ao longo de um ano, os custos estimados seriam de US$ 18,5 bilhões em 2003 e 13,2 bilhões em 2006.

"Os dados mostram que a melhoria ambiental influi diretamente nas questões da saúde da população. O que se investe em medidas de transporte ou de controle de poluentes deixa-se de gastar com saúde pública", disse Simone Miraglia, orientadora da dissertação de mestrado de Cacilda Bastos Pereira da Silva, que teve como objetivo de analisar a sustentabilidade do metrô.

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