Garota com cartaz "CO² está no ar" durante protesto contra as mudanças climáticas em NY, EUA: jovens se mobilizam para cobrar atitudes do governo (Erik McGregor/Pacific Press/LightRocket/Getty Images)
Mariana Fonseca
Publicado em 22 de setembro de 2019 às 16h34.
Emma Lim, uma estudante de 18 anos de idade da Universidade McGill em Montreal (Canadá), criou o movimento #NoFutureNoChildren -- na tradução literal, "Sem futuro, sem crianças". Por meio da hashtag, usuários declaram que não terão filhos enquanto as administrações públicas não tomarem uma atitude contra fatores que agravam a variação do clima em escala global.
"Eu sempre, sempre quis ser mãe. Desde que eu lembro", afirmou Lim ao site americano Business Insider. "Mas não terei um filho em um mundo onde ele não está seguro. Gostaria de ver o governo desenvolvendo um plano abrangente para permanecermos em até 1,5°C de aquecimento."
Lin se refere a um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), que afirma que a temperatura do planeta aumentou 1 grau Celsius desde o século XIX e mostra os impactos que um aumento de 1,5°C a 2°C causaria na Terra, como a maior incidência de desastres naturais.
Além de atitudes para impedir a subida da temperatura, a estudante também defende a elaboração de um plano para atender a população que eventualmente será afetada por mudanças climáticas -- sejam elas desabrigadas ou desempregadas em setores como agricultura e pesca (pela extinção de espécies e restrição de caça) ou como petróleo e gás (pelo incentivo a combustíveis e energia renováveis).
Lim é o símbolo do levante de cada vez mais jovens no combate às mudanças climáticas. Em março deste ano, 1,4 milhão de estudantes em 123 países protestaram pedindo mais ações dos governos para limitar fatores que agravam a variação do clima em escala global.
"Eu lancei o movimento porque queria que outras pessoas entendessem como o medo do clima é algo sem discussão na minha geração. É algo que todos sentem. Já na geração dos meus pais e avós, acreditar na mudança climática é uma questão de opinião, não de sobrevivência", diz a estudante.
Outro ícone do movimento dos jovens pelo combate às mudanças climáticas é Greta Thunberg. A ativista sueca de 16 anos de idade começou a protestar de forma solitária do lado de fora do Parlamento sueco no ano passado, gesto que se transformou no Fridays for The Future e foi replicado ao redor do mundo.
Thunberg já falou no Congresso americano e estará em Nova York no início da próxima semana para participar de eventos da Organização das Nações Unidas (ONU). Na segunda-feira (23), Greta fala na Cúpula da Ação Climática, uma iniciativa do secretário geral da ONU, António Guterres.