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Sem acordo para Brexit, Londres cogita alinhar-se temporariamente à UE

País se alinharia especialmente com normas de medicamentos, para garantir fluidez de intercâmbios no caso de falta de acordo sobre a saída do Reino Unido

Sem novo acordo comercial, o Reino Unido aplicaria as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), com barreiras alfandegárias e tarifárias (Neil Hall/Reuters)

Sem novo acordo comercial, o Reino Unido aplicaria as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), com barreiras alfandegárias e tarifárias (Neil Hall/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de agosto de 2018 às 20h35.

Londres está disposto a se alinhar temporariamente sobre algumas normas da UE, em especial em medicamentos, para garantir a fluidez de intercâmbios no caso de falta de acordo sobre a saída do Reino Unido do bloco, disse nesta quinta-feira (23) o ministro encarregado do Brexit, Dominic Raab.

O governo britânico publicou nesta quinta as primeiras 25 notas técnicas - de um total de 80 previstas até o final de setembro - indicando o caminho a ser seguido pelos cidadãos e empresas em caso de ausência de acordo com a UE para organizar seu divórcio, previsto para 29 de março de 2019.

Sem novo acordo comercial, o Reino Unido aplicaria as regras da Organização Mundial de Comércio (OMC), com barreiras alfandegárias e tarifárias.

Londres e Bruxelas precisam chegar a um princípio de acordo em outubro, quando será realizada uma cúpula europeia, para poder organizar a retirada britânica da UE, mas as negociações não avançam e há temores de que não haja acordo.

Contudo, esta é uma possibilidade que o ministro Dominic Raab disse ser "improvável" em uma declaração nesta quinta em Londres.

"Estamos aumentando o ritmo e a intensidade de nossas negociações, e tenho certeza de que um bom acordo está ao nosso alcance", afirmou o ministro, que se reunirá novamente com o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, na semana que vem em Bruxelas.

"Maior prioridade"

Chegar a um acordo com a UE sobre o divórcio "continua sendo nossa maior prioridade", assegurou. Ele antecipou que"cerca de 80% do acordo de retirada havia sido aprovado", especialmente no que se refere à fatura do divórcio e aos direitos dos cidadãos expatriados, mas não sobre o sensível tema da futura fronteira entre as duas Irlandas.

De acordo com Bruxelas, haverá perturbações de qualquer forma. "Trabalhamos de maneira construtiva para chegar a um acordo" comentou um porta-voz, Alexander Winterstein. Mas "é evidente igualmente que a retirada do Reino Unido vai causar perturbações, e isso com ou sem acordo", e portanto "todo mundo, e especialmente os operadores econômicos, devem estar preparados".

O ministro Raab disse que "nosso primeiro objetivo é facilitar a continuidade e o bom funcionamento dos negócios, transportes, infraestruturas, programas de ajuda e fluxos de financiamento".

"Em alguns casos isso significa adotar medidas unilaterais para manter a maior continuidade possível no curto prazo, em caso de falta de acordo", acrescentou.

Interrogado na BBC Radio 4, ele citou o exemplo de um alinhamento temporário com a UE no âmbito dos medicamentos.

"Reconhecer os testes dos lotes de medicamentos produzidos na UE nos permite garantir o fornecimento no Reino Unido, e há outros âmbitos onde adotaremos este enfoque", explicou Raab.

O Reino Unido já tem três meses de estoques de segurança "para mais de 200 medicamentos" a fim de enfrentar eventuais problemas no fornecimento desses, disse Raab. Ele informou que estão trabalhando com a indústria farmacêutica para ter estoques adicionais de "seis semanas".

Tampouco haverá escassez de alimentos depois do Brexit, assegurou Dominic Raab. "Apresentamos medidas práticas para atenuar qualquer risco de problemas nos fornecimentos" de alimentos, dos quais 30% provêm da UE e 20% do restante do mundo. A outra metade é garantida no Reino Unido.

O governo advertiu que os britânicos terão "uma alta dos custos (bancários) e os processos serão mais lentos" para suas transações com continente ou suas compras on-line.

Além disso, as empresas que comercializam com a UE também podem esperar um aumento de seus custos e da burocracia.

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