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Secretário de Estado britânico renuncia com possível vitória de Johnson

Renúncia ressalta força da oposição a um Brexit sem acordo, já que Johnson promete que a saída ocorrerá em 31 de outubro de qualquer forma

Boris Johnson: novo chanceler britânico será escolhido na próxima quarta (24) (Henry Nicholls/Reuters)

Boris Johnson: novo chanceler britânico será escolhido na próxima quarta (24) (Henry Nicholls/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de julho de 2019 às 16h55.

Última atualização em 22 de julho de 2019 às 16h57.

O secretário de Estado do Reino Unido para a Europa e as Américas, Alan Duncan, renunciou nesta segunda-feira, 22, ao cargo no governo diante da possibilidade de Boris Johnson se tornar primeiro-ministro do país na quarta-feira.

Em sua carta de renúncia à atual chefe de governo e líder conservadora, Theresa May, Duncan, feroz crítico de Johnson, explica que decide renunciar "em antecipação a uma mudança na quarta-feira".

"Renuncio dois dias antes para ficar livre para expressar as minhas opiniões antes que May ceda o cargo", escreveu Duncan, que teve Johnson como chefe no Ministério das Relações Exteriores até julho de 2018.

"O Reino Unido fez muito bem ao mundo. É trágico que, justo quando poderíamos ter sido uma força intelectual e política dominante em toda a Europa, e além, tenhamos tido que passar cada dia trabalhando sob a nuvem escura do Brexit."

Na terça-feira, após o fim das eleições primárias dentro do Partido Conservador, será revelado o vencedor da votação, que exercerá a liderança da legenda governante e ocupará o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido. Boris Johnson é o favorito, à frente do atual chanceler britânico, Jeremy Hunt.

A saída do secretário ressalta a força do sentimento dentro do Partido Conservador e do Parlamento contra um Brexit sem acordo que, segundo muitos empresários, seria catastrófico para a economia. Duncan é há muito tempo um forte crítico do estilo e dos posicionamentos de Johnson, e em particular da sua promessa de deixar a União Europeia (UE) em 31 de outubro, mesmo que sem acordo nem período de transição.

Ele segue o exemplo de Margot James, que entregou a pasta da Cultura na semana passada descrevendo como "realmente incrível" a promessa de Johnson de desfiliar a nação da UE de forma abrupta. Grupos empresariais que são aliados tradicionais dos conservadores desaconselharam repetidamente tal medida.

Outros dois ministros que podem seguir os seus passos e renunciar antes de serem substituídos são o da Economia, Philip Hammond, e o da Justiça, David Gauke, ambos contrários a um "Brexit duro".

No passado, Duncan descreveu seu trabalho na chancelaria durante o mandato de Johnson como "um recolhedor de porcaria", em alusão aos desaforos criados pelo então chefe da diplomacia britânica, "a última pessoa na Terra que poderia conseguir progressos em uma negociação".

No início deste mês, ele atacou Johnson por não defender o ex-embaixador britânico nos Estados Unidos após um vazamento de suas críticas ao governo do presidente Donald Trump. Duncan disse que Johnson "basicamente jogou o maior diplomata (britânico) embaixo de um ônibus".

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