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Secretário da Defesa dos EUA corteja o Brasil ante influência da China

Em visita ao Brasil, Jim Mattis disse que Brasil e EUA têm interesses baseados em uma história compartilhada

Jim Mattis: interesse dos EUA em Alcântara "não é porque está perto do Equador, um acidente feliz da geografia, mas porque queremos trabalhar com os brasileiros", disse secretário (Adriano Machado/Reuters)

Jim Mattis: interesse dos EUA em Alcântara "não é porque está perto do Equador, um acidente feliz da geografia, mas porque queremos trabalhar com os brasileiros", disse secretário (Adriano Machado/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 20h33.

O secretário americano da Defesa, Jim Mattis, destacou nesta terça-feira (14) o poder do Brasil e se pronunciou a favor de estreitar os laços estratégicos com o gigante latino-americano, no que pareceu um esforço estudado para minar a crescente influência da China na região.

No início de uma visita que o levará também por Argentina, Chile e Colômbia, Mattis disse em um ato na Escola Militar do Rio de Janeiro que Brasil e Estados Unidos têm interesses baseados em uma história compartilhada em termos geográficos, democráticos e no campo de batalha desde a Segunda Guerra Mundial.

Os Estados Unidos querem uma "relação mais forte" com o Brasil, afirmou Mattis, referindo-se ao possível uso da base de lançamento de satélites de Alcântara (Maranhão, nordeste), cuja localização próxima à linha do Equador permite baratear os lançamentos.

O interesse dos Estados Unidos em Alcântara "não é porque está perto do Equador, um acidente feliz da geografia, mas porque queremos trabalhar com os brasileiros, nossos vizinhos hemisféricos com quem compartilhamos valores políticos, e que têm a orientação tecnológica", explicou.

"Outros não podem dizer o mesmo com credibilidade", comentou, em aparente alusão à China.

O gigante asiático está desenvolvendo sua infraestrutura na América Latina, inclusive na área aeroespacial com uma base na Patagônia argentina. Também entrou nas economias do continente como investidor e um dos principais clientes de produtos agrícolas, minerais e outras 'commodities'.

O crescimento da China na América Latina se dá depois de décadas de profunda e às vezes controversa influência dos Estados Unidos na região. Mas Mattis deixou claro que Washington não tem vontade de deixar o lugar vago.

Maduro, "faminto pelo poder"

"Vemos a América Latina como nosso vizinho. Alguns dizem que não lhe damos atenção suficiente. Isso não é, com toda certeza, o caso em termos militares", disse o secretário em comentários fora do ato público, enviados pelo serviço de imprensa do Pentágono.

Queremos "transformar nossa relação em termos de Defesa com o Brasil para lhe dar uma nova energia", destacou Mattis no Rio, lembrando ter se encontrado com o ministro da Defesa do Brasil, Joaquim Silva e Luna, para este fim.

Em declarações em seu voo para o Brasil, reproduzidas pelo jornal O Globo, Mattis já tinha enfatizado os valores democráticos compartilhados entre os Estados Unidos e a América Latina, comparando-os especificamente com os que a região tem com seus rivais chineses e russos.

No Rio, o alto funcionário destacou nesta terça que o Brasil é um líder regional, enfatizando a participação de soldados brasileiros em missões de paz e sua posição firme contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.

Mattis descreveu o governo Maduro como o de um "faminto pelo poder, um regime opressivo que manda refugiados para Brasil, Colômbia e outras partes".

Após se reunir com Mattis, o ministro Silva e Luna disse na segunda-feira que seu contraparte acreditava que "a solução (para a crise na Venezuela) deveria ser liderada pelo Brasil".

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